Segunda-feira, 4 de setembro de 2023 - 07h05
Bagé, 04.09.2023
A
MEDICINA NA GUERRA DO PARAGUAI
(Mato Grosso)
LUIZ DE CASTRO SOUZA
Sócio efetivo do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro e Membro titular do Instituto Brasileiro de História da
Medicina.
No Mapa do movimento das Forças, de 29.05.1865 ([1]),
verifica-se que a Expedição totalizava 484 homens e encontravam-se baixados ao
hospital provisório, instalado no Edifício do Teatro São Carlos, 42 soldados
das seguintes unidades: 3 do Corpo de Artilharia do Amazonas; 10 do Corpo
Policial de São Paulo; 11 do Corpo da Guarnição da Província do Paraná; 12 do
Corpo da Guarnição da Província de São Paulo e 6 da Companhia de Cavalaria da
mesma Província. Até esta data, houve 2 óbitos de praças pertencentes ao Corpo
de Artilharia do Amazonas e do Corpo da Guarnição de São Paulo. As deserções
somavam a 96.
Em Campinas, surgia o primeiro surto de varíola da Expedição que atingiu,
principalmente, os componentes do Corpo de Artilharia do Amazonas, incorporados
à Coluna, nesta cidade, em 15.05.1865, constituído de apenas 33 praças ([2]). Os
soldados vario-losos foram alojados e tratados em uma enfermaria de isolamento,
instalada por iniciativa da Câmara Municipal, cuja localização não conseguimos
identificar.
No final do estacionamento das Forças 6 óbitos a lamentar e desertam 159
praças de diferentes Corpos, sendo o maior número deles pertencentes ao Corpo
Policial de São Paulo e da Companhia de Cavalaria da Guarnição de São Paulo,
que quase ficou extinta.
Na saída da cidade de Campinas, os convalescentes tiveram a oportunidade de
usar o “cacolet” como meio de transporte. Prosseguindo na penetração da
hinterlândia paulista, a Coluna Expedicionária com uns 430 homens parte de
Campinas, a 20.06.1865, passando por Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Casa Branca,
Cajuru, Batatais, Franca do Imperador e atinge, finalmente, Uberaba, Província
de Minas Gerais, em 18.07.1865.
* * *
* *
*
Como chefe do Corpo de Saúde da Expedição,
encontrava-se o Capitão 1° Cirurgião, Doutor Antônio de Jesus e Souza, veterano
de guerra, em cujo peito ostentava orgulhoso a “Medalha da Campanha do
Uruguai”, suspensa pela fita de cor verde e conquistada pelos relevantes
serviços prestados como médico militar ao Exército sob o comando do então
Tenente-General Conde de Caxias. O Doutor Jesus e Souza era natural da cidade
do Salvador [BA], tendo ingressado no Corpo de Saúde pelo Decreto de
30.01.1852, no posto de Alferes 2° Cirurgião, a 02.12.1854 foi promovido a
Tenente 2° Cirurgião e a Capitão 1° Cirurgião em 02.12.1859. Doutor em medicina
pela Faculdade da Bahia, em 1851, com a tese inaugural, intitulada: “Proposições
sobre os diversos ramos da medicina”. Cultivava, também, as belas letras,
sendo um poeta lírico. Publicou, ainda como estudante, em 1848, um livro de
poesias e no mensário “Atheneu”, primeiro jornalzinho acadêmico lançado
na Bahia, nos números 2 e 4, figuram versos de sua inspiração ([3]).
Fisicamente, era o doutor Jesus e Souza, segundo
retrato feito pelo Visconde de Taunay, baixote, tez morena um tanto esverdeada
e oleosa, falar macio, quando não obedecia a acessos de verdadeiro furor. Diz
ainda o Visconde de Taunay, que certo dia, numa das salas do Hospital da Santa
Casa de Misericórdia de Uberaba, ele gritava como um possesso:
Cubram a figura do Cristo, pois quero descompor a gosto.
Para Taunay, o Dr. Jesus valia, sozinho, na profissão, mais do que todos os
demais médicos da Expedição e era severo no cumprimento dos deveres dos seus
colegas. Enfim, um autêntico chefe. Infelizmente, o então jovem oficial
Taunay, foi bastante injusto na apreciação dos valores da comissão médica da
Expedição, quando muitas vezes critica a conduta de alguns e até mesmo a
terapêutica empregada por outros. Relevando-se esses conceitos, tendo em vista
sua pouca idade, naquela época, entretanto, vamos encontrá-los repetidos, mais
tarde, no livro de memórias, escrito na época comum da ponderação e do
respeito.
Ele possuía a frustração de
não ter seguido a profissão hipocrática, impedido de o fazer pelo próprio pai,
o Barão de Taunay, por julgá-la tarefa inferior. Para confirmar o Visconde de
Taunay acerca do rigorismo no cumprimento do dever instituído pelo Dr. Antônio
de Jesus e Souza na Expedição, vamos transcrever trechos de documentos que
comprovam tal conceito. Realmente, houve, na época, censuras contra o
tratamento dispensado aos enfermos e o procedimento do Chefe de Serviços de
Saúde, quando a Expedição se encontrava em Campinas. Ciente o Ministro da
Guerra destas propaladas notícias, manda expedir comunicado solicitando
esclarecimentos ao Comandante-em-chefe da Expedição. O Coronel Drago, logo que
toma conhecimento, comunica-se com o seu superior, a 20.05.1865, alegando serem
infundadas tais notícias, pois os doentes recebiam o melhor tratamento e todos
os cuidados possíveis, e dizia textualmente:
[...] a
Repartição de Saúde tem bem cumprido seus deveres, no tratamento das praças
enfermas, não posso deixar de com muito pesar, informar a V. Ex.ª que tendo o
1° Cirurgião Dr. Antônio de Jesus e Souza, desenvolvido o maior zelo e
solicitude pelo bem do serviço da repartição de saúde a seu cargo, exigindo
que, não somente os preceitos da ciência, mas também, como convém, os da
disciplina militar sejam observados pelos oficiais de saúde seus subordinados,
têm estes em geral se mostrado pouco dispostos à observância destes últimos
preceitos, e em sua conduta particular levado bem longe a má vontade e o
despeito à pessoa do médico seu chefe: procedimento este que se tem tornado tão
público nesta cidade que já me vi obrigado a chamá-los à minha presença para os
admoestar como efetivamente os admoestei... ([4]).
Logo após, em ofício de
29.05.1865, o Coronel Drago ao cumprir a indagação do Ministro da Guerra formulada
nos seguintes termos:
O Corpo de Saúde acha-se desgostoso, pelas imprudências de
seu chefe, o Dr. Antônio de Jesus e Souza, ao qual V. Ex.ª dá ouvidos, sem
atenuar as suas imprudências.
Respondia o comandante da
Expedição, prontamente:
É infelizmente verdade que se acham em geral descontentes os
oficiais do Corpo de Saúde; não é porém a alegada a causa verdadeira de tal
desgosto. Para ele influi nestes oficiais, além das circunstâncias que, em
referência à toda a Expedição, tenho acima enumerado tratando da 2ª alegação, a
de se verem nesta extensa marcha privados das vantagens da clínica particular
que em outras comissões de serviço acumulariam, e mais a de se verem compelidos
a obedecer aos preceitos da disciplina militar, cujos hábitos lhes faltam e não
querem adquirir, fazendo alvo do seu comum despeito por havê-los requisitados
para esta Expedição, e procura contê-los na órbita de seus deveres o seu muito
prudente e zeloso chefe Dr. Antônio de Jesus e Souza... ([5]).
Não há dúvida de que o Dr.
Antônio de Jesus e Souza como antigo militar e profissional conceituado, era
bastante severo e os oficiais médicos, desde a cidade de Campinas, começaram a
deixar a Coluna, seguindo, depois, para o Paraguai, zona de Guerra atuante que
se combinava com o temperamento de alguns e bem diferente da rotina de uma
Expedição monótona e sem-fim. O Coronel Manoel Pedro Drago, o Tenente-coronel
José Miranda da Silva, chefe da comissão de engenheiros, e o Capitão 1°
Cirurgião, Doutor Antônio de Jesus e Souza, no percurso da Expedição
permaneciam sempre juntos e constituíam os diretores da coluna. Destes dois
chefes de serviço, recebeu o Cel. Drago, uma colaboração eficiente e leal ([6]). O Dr. Jesus
e Souza desejou fazer vida universitária, tendo para isso se inscrito para o
lugar de opositor em ciências médicas, na Faculdade de Medicina da Bahia,
quando, no prazo de apresentação da tese, a 07.05.1861, comunicou, em ofício,
sua desistência, por preferir fazer o concurso de cirurgia, para o qual havia,
igualmente, se inscrito. Também para a clínica cirúrgica, ele não realizou o
seu intento, pois, ao comunicar à direção da Faculdade sua retirada do
concurso, alegou estar
inibido por suas ocupações como médico militar.
No acampamento de Santa Rita do Parnaíba, hoje Itumbiara, Goiás, o Dr.
Antônio de Jesus e Souza pratica uma pequena intervenção cirúrgica no jovem 2°
Tenente Taunay, extirpando-lhe um corpo estranho da abóbada palatina, que o
fazia padecer.
Tratava-se de uma espinha de peixe “dourado”, que havia causado a
infecção e com perícia o chefe da repartição de saúde o aliviou, tanto do corpo
estranho como do abscesso que se formara.
VI
A
CONCENTRAÇÃO DAS FORÇAS EXPEDICIONÁRIAS EM UBERABA
Finalmente, a 18.07.1865,
chegavam as Forças de São Paulo e da Província do Paraná, à cidade de Uberaba
[MG] depois de quatro longos meses. Lá se achavam acampadas, desde 20 de junho,
no local denominado Cachimbo, arredores da cidade, a Brigada mineira trazida
de Ouro Preto pelo Cel José Antônio da Fonseca Galvão e constituída de 1.212
homens. Esta Brigada havia saído de Ouro Preto, antiga capital de Minas
Gerais, a 10.05.1865, após solene despedida promovida pelo Governo Provincial e
pelo clero, tendo à frente o Governador Saldanha Marinho e D. Antônio Ferreira
Viçoso, Bispo de Mariana.
A sua formação era composta
do 17° Batalhão de Voluntários da Pátria, comandado pelo Tenente-coronel em
Comissão, Antônio Enéias Gustavo Galvão, depois Brigadeiro e Barão do Rio Apa,
em 30.03.1889; do 21° Batalhão de Infantaria de Linha, sob o comando do Capitão
Melo e do 1° Corpo Policial de Minas, Comandado pelo Major Demétrio.
O Serviço de Saúde era
formado pelos Tenentes 2os Cirurgiões, Doutores Manoel de Aragão
Gesteira e Carlos José de Souza Nobre, dos farmacêuticos Manoel Frederico de
Oliveira Jacques, contratado pelo Governo Provincial, e João Bhering Júnior,
como Voluntário da Pátria, além de sete enfermeiros. O contingente mineiro
havia sido quase todo imunizado contra a varíola, medida preventiva que muito
honrava e exaltava o seu serviço médico, e, desse modo, vinha situar a tropa em
melhores condições sanitárias para enfrentar a longa marcha com destino a Mato
Grosso.
O Tenente 2° Cirurgião,
Doutor Manoel de Aragão Gesteira era natural da cidade do Salvador [BA],
nascido a 09.12.1830, sendo seus pais o Dr. Francisco Marcelino Besteira,
professor da Faculdade de Medicina da Bahia e D. Cândida Rosa de Aragão
Gesteira. Doutor em medicina pela Faculdade de sua Província natal tendo
sustentado tese, a 14.12.1855 (GESTEIRA, 1855). Entrou para o Serviço de Saúde
do Exército, a 02.12.1860, no posto de Tenente 2° Cirurgião e encontrava-se
como encarregado da enfermaria militar da guarnição de Minas Gerais, na capital
desta Província.
O Tenente 2° Cirurgião,
Doutor Carlos José de Souza Nobre havia assentado praça a 20.02.1864 e sua
primeira designação fora na guarnição de Ouro Preto ([7]).
Dos médicos militares que compunham a Repartição de
Saúde do Corpo Expedicionário e embarcados na Corte, dois Capitães 1os
Cirurgiões haviam se retirado das Forças quando estas se encontravam em Campinas.
Também da Província de São Paulo, o Tenente 2° Cirurgião, Doutor Joaquim
Cândido de Macedo Soares, voltava ao Rio de Janeiro e seguia, logo após, para o
Teatro da Guerra, no Paraguai.
A tropa vinda de São Paulo, apesar de cansada pela
longa caminhada, chegou a Uberaba em regular estado físico, pois houve fartura
de gêneros de ótima qualidade, durante todo o trajeto, e, assim, os soldados foram
bem alimentados.
As enfermidades graves acusaram índices bem reduzidos, sobressaindo-se a
varíola que desde a cidade de Campinas acompanhou a tropa, motivo de preocupações
e cuidados para os médicos integrantes do Serviço de Saúde. A permanência da
coluna do Coronel Drago em Uberaba, onde se lhe incorporou a Força mineira, foi
de 47 dias. Nesse período houve 14 óbitos e desertaram 76 praças. Os soldados
enfermos foram alojados e tratados numa enfermaria do Hospital Santa Casa de
Misericórdia, edifício não de todo acabado, cuja direção do serviço, após a
retirada das tropas, ficou a cargo do cirurgião Cap da Guarda Nacional, Dr.
Raimundo Desgenettes ([8]),
parente do famoso médico-chefe dos exércitos de Napoleão, Nicolas du Friche,
Barão Desgenettes [1762-1837].
Após a junção das duas Forças, prossegue a Coluna
Expedicionária em sua marcha lenta, saindo de Uberaba, a 04.09.1865. No dia
anterior, o comandante Drago, comunica ao Governo, que em vez de seguir a
estrada de Santana do Paranaíba tomaria a do Rio Claro, no interesse da
Expedição. Acrescentava, ainda, que essa resolução foi tomada pelo receio de
assaltos dos paraguaios naquela região (NABUCO, 1936). O Coronel Drago se
dirigia para Cuiabá. As praças iam recomeçar novas e intermináveis caminhadas
pelos sertões bravios e desprovidos de recursos locais, e a mudança do
itinerário provocaria alteração no abastecimento de provisões já estabelecidas
pelos Governos Provinciais. O objetivo principal da coluna era desalojar os
invasores do sul de Mato Grosso, mas o contingente reunido e em marcha para
esta finalidade, fora considerado insuficiente. O Governo expedia ordens e
contraordens, numa chuva constante de instruções, e impacientava-se pela
demora do deslocamento da Força.
A tropa, apesar de desprovida de quase tudo, mostra-se
de moral elevado, favorecida pelo contato com a paisagem de lindos campos e
exuberantes matas que compunham as terras das três Províncias palmilhadas pela
Expedição. Atravessando riachos e rios caudalosos, vendo espécimes da flora e
da fauna que coloriam festivamente os caminhos percorridos. Tomando
conhecimento de plantas medicinais tão ricas naqueles terrenos e de suas
variadas aplicações na cura de males.
Quando as Forças ainda se achavam em território da
Província de Minas Gerais, no arraial de Santa Maria, encontram-se com o
Coronel Carlos Augusto de Oliveira, antigo Comandante das armas da Província de
Mato Grosso, que se encaminhava para a Corte.
Fora-lhe prestado socorro médico por ordem
do chefe da expedição, pois, este oficial viajava atacado pelo impaludismo que
lhe abatia o organismo, há cerca de um ano, infectado que fora no Baixo
Paraguai. Além da moléstia vinha acabrunhado pelos acontecimentos em que
estivera envolvido, na defesa de Corumbá. Na vila Monte Alegre, Minas Gerais,
tendo recrudescido os casos de varíola que vinham acompanhando as Forças, foi
instalada neste local uma enfermaria, a cargo de um dos médicos militares da
expedição, cujo nome não nos foi possível identificar. Daí em diante, cessou a
incidência dessa virose na coluna.
A 22 de setembro, deu-se início aos trabalhos para a transposição do Rio
Paranaíba, cujas dificuldades foram imensas devidas à enorme bagagem e a
utilização de uma única barca. Somente no dia 29, terminava esta tarefa com
todos os pertences do Corpo Expedicionário na margem direita deste rio. Sabe-se
que o efetivo das Forças era de uns 1.600 homens, pois, grandes foram as baixas
por doenças e deserções. O número de muares somava a 2.500, excluídos os do
fornecedor que ainda levava os bois para o consumo e das viaturas de
mantimentos.
Transposto o rio, a coluna vai acampar perto do povoado de Santa Rita de
Cássia ou Santa Rita do Paranaíba, hoje denominada Itumbiara, Província de
Goiás. Depois seguia direção a outro obstáculo importante: o Rio dos Bois. Aí,
também, a Comissão de Engenheiros junto às Forças expedicionárias esteve
empenhada na construção de canoas para a passagem do pessoal e material da
coluna, tendo iniciado os trabalhos a 08.10.1865.
Quando prosseguia a faina de transposição do rio e ativava-se o trabalho,
recebia o Coronel Drago, no dia 18, ordem do Governo para recolher-se a Corte.
Este oficial havia sido exonerado, a 1° de outubro, dos cargos de Presidente e
Comandante das armas da Província de Mato Grosso, tendo assumido essas funções
o Chefe de Esquadra, reformado, Augusto Leverger, Barão de Melgaço, que se
encontrava em Cuiabá. (CONTINUA...)
Bibliografia
SOUZA, Luiz de Castro. A
Medicina na Guerra do Paraguai (I a V) – Brasil – São Paulo, SP – USP,
Revista de História, 1968, 1969 e 1970.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[2] Esse pequeno
contingente de artilharia, reduzido a 68 soldados, pertencia ao Corpo Fixo do
Amazonas e havia partido de Manaus a 27.02.1865, juntamente com o Corpo Fixo de
Infantaria e Fuzileiros da mesma Província. Ao todo 334 homens. Viajaram pelo
vapor “Tapajós” até a cidade de Belém e nesta Capital foram se juntar às
Forças locais, quando se formou uma divisão de 800 homens que partiu para a
guerra, no sul, a bordo do “Apa”, tendo chegado ao Rio de Janeiro, em
30.03.1865. [Diário Oficial, Império do Brasil, Edições de 16.04.1865 e
31.03.1865]. Na cidade de Campinas só chegaram 33 praças deste Corpo de
Artilharia, pois ficaram 25 na Corte, 2 na cidade de Santos, 1 nas barreiras do
Cubatão e 7 na cidade de São Paulo. [Arquivo Nacional. Cód. 547, Guerra do
Paraguai, Volume 3]. (SOUZA)
[3] Este jornal
dos estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia, foi fundado e dirigido por
Sacramento Blake [1849-1850], então aluno da Faculdade, e aparecia com 20
páginas. Jornal do Comércio – Brasil – Rio de Janeiro, RJ, 06.05.1962. (SOUZA)
No Dicionário Bibliográfico Brasileiro de Augusto
Victorino Alves Sacramento Blake, encontrei sua primeira composição poética – “A
Valsa”, publicada no periódico “Atheneu, n° 2”. A naturalidade e
beleza de suas poesias podem ser apreciadas já nesta primeira composição:
Foste,
Marilia, ao passeio,
Ao
passeio proibido...
Levaste
beleza e enfeites,
E
amor no peito escondido.
Eu
te vi, tu não me viste;
Foste
falsa, eu fui traído.
Levaste
tua irmãzinha
Pra
meus zelos dissipar.
Tua
irmãzinha é menina,
É
menina e vai brincar,
E
tu ficas com o amante
Bem
sozinha a conversar... (Hiram Reis)
[6] Quando a
Coluna Expedicionária se encontrava no acampamento do Rio dos Bois, Goiás, a 20.10.1865,
e o Cel. Drago era destituído do comando e voltava para o Rio de Janeiro, o Dr.
Jesus e Souza o acompanhou, por solidariedade ou porque se achasse realmente
doente. Porém, mal refeito da enfermidade, partiu, em 1866, para o sul,
Paraguai, comissariado no posto de Major Cirurgião-mor de Brigada, sendo pela “Ordem
do Dia” N° 62, do Quartel General em Tuiuti, de 03.04.1867, designado para
servir nos hospitais de Corrientes. Em plena guerra é promovido, por
merecimento, na graduação efetiva de Major Cirurgião-mor de Brigada, conforme
publicação da “Ordem do Dia” N° 176, do Quartel General em Tuiuti-Cué,
de 09.01.1868. Nesse mesmo ano, veio a falecer de pneumonia lobar, a 2 de
março, em campanha, após ter prestado relevantes serviços na Guerra. Para
Sacramento Blake era o Dr. Jesus e Souza, talvez, a primeira inteligência do
Corpo de Saúde do Exército Brasileiro e acrescenta que ele tinha pronta uma
obra sobre higiene militar e havia escrito um trabalho acerca da expedição, sob
o título Impressões de Goiás, cujos originais se encontravam em poder de uma
sua irmã, na Bahia. [BLAKE, 1883].
[7] Apresentaremos
os dados biobibliográficos do Dr. Carlos Nobre, no capítulo IX, em que trato da
retomada de Corumbá. (SOUZA)
[8] Era natural de
Montpellier, França, e brasileiro naturalizado. Médico pela Academia de Brest.
Chegou ao Brasil antes do ano de 1840 e participou da rebelião de Minas, em
1842, tendo tomado parte no combate de Santa Luzia do Sabará. Foi deputado à
Assembleia Provincial de Goiás. Após ter enviuvado, abandonou a medicina
prática e tomou ordens sacerdotais. Vigário de Entre Rios, Goiás, e escreveu
trabalhos mineralógicos e de assunto religioso. Há controvérsias quanto aos
seus prenomes: para Sacramento Blake era Raimundo Henrique, enquanto Lycurgo
Santos Filho escreveu Henrique Raimundo. (SOUZA)
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