Quarta-feira, 6 de setembro de 2023 - 07h36
Bagé, 06.09.2023
A MEDICINA NA
GUERRA DO PARAGUAI
(Mato Grosso)
LUIZ DE CASTRO SOUZA
Sócio efetivo do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro e Membro titular do Instituto Brasileiro de História da
Medicina.
O Governo Imperial, a
01.12.1865, mandava responder o Cel Drago a Conselho de Guerra, antes procedido
o de investigação, cujos membros nomeados foram: Brigadeiro Henrique de
Beaurepaire Rohan, Presidente, e vogais os Coronéis Sebastião Francisco de
Oliveira Chagas e Alexandre Maria de Carvalho Oliveira (JOURDAN, 1893).
O Coronel Manoel Pedro Drago não era responsável pelas dificuldades imensas
e obstáculos sem conta encontrados pelos lugares percorridos, e esta Expedição
era minguada de recursos para sustentá-la na vastidão de território deserto que
ela tinha de palmilhar e ultrapassar, a fim de atingir o seu objetivo.
Diz Taunay, que o Cel Drago ficou em Campinas, sem dinheiro e sem
autorização para assinar o contrato de transporte de bagagem, de fornecimento
etc., que o obrigou a esperar, durante um mês e meio, pelos funcionários
encarregados de tais providências, e acrescenta, que, em Uberaba, ele encontrou
1.600 homens sem armas nem instruções e com a artilharia em péssimo estado
(TAUNAY, 1944).
Tornaram-se, então, necessários aqueles quarenta e sete dias de
acampamento, em Uberaba, para adestramento das Forças. A demora do Coronel
Drago era justificável e revelava bom senso, mas exaspera o Governo Imperial e
daí a sua demissão.
Ainda mais, Drago, em vez de seguir a estrada de Santana do Paranaíba,
conforme instruções, tomou a do Rio Claro, aumentando, desse modo, o percurso
do objetivo da expedição, que era o sul de Mato Grosso. Sua intenção seria
atingir Cuiabá, para, então, assenhorear-se melhor da situação e aumentar o
efetivo da tropa, reunindo meios suficientes para enfrentar o inimigo.
A 19.10.1865, quando estava
quase terminada a trabalhosa passagem do Rio dos Bois e a coluna havia marchado
sessenta léguas de Uberaba e encontrava-se a dezoito léguas de Mato Grosso,
assumia o comando geral da Força Expedicionária o Coronel José Antônio da
Fonseca Galvão.
No dia seguinte, o Coronel
Manoel Pedro Drago ([1]), partia
para a Corte, cercado de toda consideração, respeito e simpatia dos seus
comandados. No dia 22 estava terminada, finalmente, a transposição do Rio dos
Bois, com todo o contingente e bagagem da Expedição na sua margem direita, e no
dia seguinte era levantado o acampamento em direção à vila das Dores do Rio
Verde, também denominada Vila das Abóboras, hoje cidade do Rio Verde.
A coluna vai penetrar mais ainda no sul da Província de Goiás, terreno
constituído de lindos campos e formosos vales, que na concepção poética de
Taunay (TAUNAY, 1944), formavam cenários inesquecíveis para todos. Diz ele que,
no início das marchas, pela madrugada, deparava com incontável número de
passarada e da mais variada: bem-te-vis, canários, papa-capins, bicudos,
sangues-de-boi, tizius, azulões, graúnas, lavadeiras, anus, pintassilgos,
sabiás. E mais adiante, encontravam bandos e bandos de papagaios, araras,
periquitos, gaviões. Revoadas de pombas-caboclas e rolas fogo-apagou,
andorinhas e tesouras. Emas e seriemas. Junto aos barreiros e regatos: os
veados, as perdizes, as antas, os queixos-ruivos, as sucuris. As onças e as
jiboias trazendo terror e sobressaltos. Havia, também, mangabeiras em profusão
e a presença dos buritizais, embelezando a paisagem com suas palmeiras e
anunciando a existência d’água. Desde Uberaba que os buritis eram encontrados
pelos caminhos. Nos grandes rios: jacarés, ariranhas, piranhas e peixes das
mais variadas espécies.
A 31 de outubro, entrava a Força na Vila das Abóboras. Após quatro dias de
descanso, seguiu destino ao depósito de mantimentos denominado Baús [MT], aí
chegando a 24 de novembro. Antes de atingir este local, atravessou o
contingente outro obstáculo respeitável que foi o Rio Claro. A Força Expedicionária,
começou, então, a ressentir-se de mantimentos e foi obrigada a diminuir a ração
diária, quando faltou totalmente a farinha de mandioca e o sal escasseava.
Os recursos locais eram bem reduzidos, pois tratava-se de regiões quase
despovoadas e sem grande cultivo, ainda agravado pela seca do ano transcurso.
Infelizmente, o depósito de abastecimentos de Baús, organizado pelo Presidente
da Província de Goiás, não foi tão promissor e a esperança da soldadesca caía por
terra... A tropa, nesse local, foi obrigada a refazer-se, depois de contínuas
marchas, aí permanecendo pelo espaço de cinco dias. No dia 30 de novembro
prosseguia a marcha para Coxim.
Em derredor da Vila das Abóboras, Goiás, observou
Taunay a incidência de numerosos papudos, tendo chamado sua atenção uma mulher
portadora de bócio demasiadamente volumoso e tão cheio de protuberâncias, que
ele não resistiu e fez um desenho (TAUNAY, 1944). Possivelmente, tratava-se de
bócio endêmico difuso. Não acrescentou Taunay outros dados que pudéssemos
afirmar ser bócio acompanhado de cretinismo, o que é frequente encontrar-se nas
regiões onde há bócio endêmico.
O aumento de volume da
tiroide nos habitantes daquela Província fora também observado em outras
regiões de Goiás, pelo médico e botânico escocês Dr. George Gardner, quando por
lá andou, em fins de 1839 e começos de 1840 (GARDNER, 1942). As Forças
transitavam por estradas que eram trilhas de gado e por isso a imensa
dificuldade no transporte, principalmente para as viaturas das peças de
artilharia e das carroças de mantimentos, pois estas sempre se encontravam
atrasadas, obrigando às paradas quase frequentes.
A 16 de dezembro, a coluna chegava à margem esquerda do rio Taquari e no
dia 18 iniciava a sua passagem, cujos trabalhos se encerraram a 20, com todo o
contingente acampado no lugar denominado Coxim, local de pequena Colônia
Militar de Taquari ou Beliago, fundada mui recentemente e destruída pelas
hostes paraguaias, na invasão. Até este ponto e segundo a avaliação feita pela
Comissão de Engenheiros, a Força Expedicionária havia percorrido, de Santos ao
Taquari, 264 léguas (TAUNAY, 1928). E
no período de quase nove meses!
VII
O ACAMPAMENTO DE
COXIM E
A MARCHA PARA O SUL DO MATO GROSSO
Em Coxim, território mato-grossense, já se encontravam acampadas, de há
muito, as seguintes Forças da Província de Goiás: 20° Batalhão de Infantaria
com 376 praças e o Esquadrão de Cavalaria, constituído por uma Companhia de
Cavalaria de Linha da Província e outra Companhia de Cavalaria de Voluntários
da Pátria, formando um efetivo de uns 200 homens. O Batalhão havia partido da
capital de Goiás, a 15.05.1865, sob o comando do Tenente-coronel Joaquim Mendes
Guimarães e o Esquadrão de Cavalaria, em 8 de julho, comandado pelo Major em comissão
Eliseu Xavier Leal. Ambas as Forças seguiram a direção da via Rio Verde,
percorrendo umas cento e trinta léguas.
Como responsável pelo Serviço de Saúde, adido ao 20° Batalhão de
Infantaria, encontra-se o Tenente 2° Cirurgião, Dr. Cândido Manoel De Oliveira
Quintana, natural da cidade do Rio de Janeiro [Corte], nascido em 10.09.1829 e
filho de Domingos Manoel de Oliveira Quintana e de D. Cândida Angélica da
Nóbrega Quintana. Doutor em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, em 1855
(QUINTANA, 1855). Assentou praça como Alferes 2° Cirurgião, em 29.08.1857,
sendo promovido a Tenente 2° Cirurgião, em 23.09.1857. Mui brevemente seria
Capitão 1° Cirurgião, isto é, aos 22.01.1866.
Nesse acampamento, a Coluna Expedicionária sob o
comando geral do Cel José Antônio da Fonseca Galvão, recebeu uma nova
organização, formando duas Brigadas: a primeira, com 1.157 praças e constituída
pelo 17° de Voluntários de Minas Gerais, o 21° Batalhão de Infantaria e o Corpo
de Artilharia do Amazonas; a segunda, com um contingente de 914 homens,
composta pelo 20° Batalhão de Infantaria e Esquadrão de Cavalaria de Goiás,
voluntários e policiais de São Paulo e Minas Gerais. Totalizava um efetivo de
2.071 homens.
O Serviço de Saúde compunha-se de 9 médicos e 28
enfermeiros. Além dos expedicionários, a concentração de Coxim reunia um
número considerável de pessoas, mulheres e crianças, famílias dos soldados, que
seguiam na esteira da Coluna.
Era
um hábito antigo do Exército, que fazia transtornar a marcha e criar problemas
sérios quanto à disciplina e à alimentação, principalmente.
O acampamento de Coxim
ocupava uma extensão de quase uma légua e ficava à margem direita do Rio
Taquari, iniciando-se na confluência deste com o Rio Coxim. Neste local havia
um agrupamento humano calculado em 3.000 pessoas, com as praças e suas
famílias, carreteiros, bagageiros etc. Iniciadas as chuvas, a Coluna ficou
imobilizada, resultando, em consequência, a escassez do abastecimento. O
Coronel José Antônio da Fonseca Galvão, velho e austero soldado, presenciando
aquela situação aflitiva, envia constante correspondência solicitando recursos
e numa delas, dirigida ao Presidente da Província de Mato Grosso, dizia que se
encontrava
com imensa preocupação para atender a quase três mil bocas ([2]).
Quem surge em socorro da
Coluna é o Presidente de Goiás, Augusto Ferreira França. Diz Taunay, que
se não fora a incansável dedicação daquele distinto
brasileiro, a Expedição teria infalivelmente se dissolvido no Coxim, depois
dos mais tremendos horrores (TAUNAY, 1878).
Realmente, o Presidente da Província de Goiás foi
inexaurível no apoio às Forças Imperiais e não media esforços para atendê-las.
Quem lê a correspondência do Cel Galvão para este Presidente de Província nota
a enorme preocupação e desalento do chefe da Expedição pelo destino dos seus
comandados, solicitando gêneros e mais gêneros. Até sentimos a sensação de
fome no manuseio desses documentos... Porém, existem os inúmeros quadros
demonstrativos das remessas de alimentos que comprovam o pronto atendimento do
Dr. Augusto Ferreira França.
O próprio Cel Galvão, nas suas comunicações, reconhece e enaltece a
presteza dessas providências, mas o grande problema eram os meios de transportes.
Os pontos de abastecimento criados pelo Presidente da Província de Goiás,
estavam abarrotados de alimentos. É necessário ser lembrado que tudo em volta
do Coxim, era um imenso território deserto e com as chuvas caídas completavam o
isolamento e as dificuldades.
Ainda sobre o acampamento de
Coxim, diz Taunay que a sua permanência foi um lento martírio e ao escrever o
Relatório Geral da Comissão de engenheiros nas Forças em operações ao sul da
Província de Mato Grosso, 1866, anexo, ao Relatório do Ministério da Guerra de
1867, afirmara:
Neste estado desesperado a Força
achou-se a braços com a mais completa míngua. Reduzida à simples carne, por
espaço de mais de mês, muitas vezes lhe faltou aquele alimento exclusivo, que
deu em resultado o aparecimento de várias moléstias [Os grifos são nossos].
Os gêneros de primeira necessidade chegaram a preços
exorbitantes, aproveitando-se a ganância e o espírito de lucro abusivo, da
desgraça, a que todos se viam reduzidos. Um conjunto, contudo, de fatos tão
tristes fez mais realçar as virtudes que imperam no soldado brasileiro,
patenteando o seu caráter eminentemente sofredor e resignado, à subordinação e
disciplina, que lhe são naturais.
E prosseguia a narração:
Depois de dias, em que nada se distribuía, nenhuma queixa se erguia,
nenhuma exigência se ouvia: todos se compenetravam das dificuldades que
presidiam a qualquer providência que tomar, e calmos esperavam pelo que lhes
reserva a sorte. Não nos compete a apreciação dos fatos que deram em resultado
esta ordem de coisas:
consignamos simplesmente as
fases por que passou a expedição, nas quais sempre presenciamos o comportamento
altamente recomendável do pessoal que a compunha; galhardo nas marchas e pronto
para todos os trabalhos, suportando, enfim, as maiores privações, a que pode
ser sujeito o homem na guerra, sobretudo nas condições difíceis, que
proporcionam distâncias imensas e sertões inóspitos.
E concluindo:
Depois da mais penosa marcha por
centenares de léguas, rodeada de perigos e incômodos, na qual de contínuo se
lutava com circunstâncias imprevistas, acompanhadas de inúmeras aflições, veio
a estada prolongada do Coxim pôr à prova a abnegação e o sentimento íntimo do
dever, de que tantos exemplos brilhantes tem dado o brasileiro, que enverga os
distintivos da vida de sofrimentos.
Após transcrever este trecho do relatório, Taunay comenta em um dos seus
livros:
Quadro exato
da triste situação que apresentava a Expedição de Mato Grosso, atirada a um
canto da Província, que vinha socorrer, reduzida à inação por obstáculos
invencíveis de um lado, do outro pelos poucos meios de que dispunha, para
somente sobre si, empreender a ofensiva. De nenhum conselho lhe servia o título
pomposo, com que, a pedido, a haviam agraciado. Forças lhe faltavam; “operações”
era uma ironia cruel para um espírito filosófico e o sul da Província de Mato
Grosso é tão vasto, tão medonhamente inçado de dificuldades, sobretudo naquela
época, quanto o eram os sinistros pauis[3])
da Germânia em que se abismaram as bizarras Legiões de Varo ([4]).
Assim, pois, não nos iludíamos
sobre o presente; e o futuro como derivação natural, não nos abria horizontes
de flores (TAUNAY, 1923).
A carne para o abastecimento da tropa havia com relativa quantidade, com as
boiadas trazidas dos pastos mato-grossenses e enviadas também pelo presidente
de Goiás. Diz Taunay:
no Coxim, comíamos, pura e
simplesmente churrasco: o hábito custara-nos a adquirir, mas o organismo
acomodara-se (TAUNAY, 1923).
Porém, para aumentar o
sofrimento dos nossos soldados, surgia uma epizootia que inutilizava e matava
aos montes a muares e equinos. Era o conhecido “mal-de-cadeiras”,
endêmica naquela região e no sul da Província de Mato Grosso. A cavalaria
paraguaia que havia chegado até àquele ponto, em abril de 1865, teve seus
animais sacrificados pela epizootia. Com o flagelo da “peste-de-cadeiras”
houve, em consequência, a diminuição do fornecimento de carne para o
acampamento do Coxim, provocado pela ausência de cavalos para vaquejar. O “Trypanosoma
equinum” é o agente causal desta doença, cuja sintomatologia principal é a
paralisia dos membros posteriores dos animais, que valeu o nome popular dado a
essa tripanossomose.
Em Coxim, houve baixas e
deserções na Coluna, tendo falecido, a 21.04.1866, o comandante do esquadrão de
cavalaria de Goiás, Major em comissão Eliseu Xavier Leal e o Alferes Capelão
Padre Antônio Augusto de Andrade e Silva esteve adoentado e deu baixa, voltando
para o Rio de Janeiro. Além deste sacerdote que anteriormente servia na
Fortaleza de Santa Cruz, ainda se incorporaram à Coluna a fim de prestarem
serviços religiosos, os seguintes Alferes-Capelães: Padre Tomás de Molina, da
guarnição da Província de São Paulo e o Padre Antônio Augusto do Carmo, da
Brigada mineira, que não pertencia ao Quadro Efetivo do Exército. A Expedição
transporta além de alfaias e paramentos, um altar portátil, tudo fornecido pelo
Arsenal de Guerra da Corte ([5]). O
Coronel José Antônio da Fonseca Galvão estava impaciente com a imobilização do
acampamento de Coxim e desejava cumprir imediatamente a sua missão que era
expulsar o inimigo ainda ocupando o sul da Província, porém, não possuía mapas
topográficos que dessem a orientação necessária. O Presidente de Mato Grosso,
Barão de Melgaço, profundo conhecedor da Província, não podia atendê-lo, pois,
não havia transitado pelos terrenos compreendidos entre o Taquari e o
Aquidauana e por isso não possuía carta com tal ou qual exatidão (TAUNAY,
1931). Aconselhava o comandante da Expedição a determinar aos oficiais
engenheiros realizarem a exploração da região. Assim, o Coronel José Antônio da
Fonseca Galvão, seguindo a sugestão recebida, escolhe os engenheiros militares
Capitão Antônio Pereira do Lago e o 2° Tenente Alfredo d’Escragnolle Taunay,
que partiram, a 13.02.1866, com a missão de
reconhecer aqueles terrenos, informando sobre a
praticabilidade da viação e procedendo a uma exploração cuidadosa daquela
fralda de serra.
O Comandante da Coluna, a 2 de abril, começava a
receber os relatórios dos oficiais engenheiros, com os dados colhidos,
informações e a topografia do deserto que iriam atravessar. Baixando as águas
e após um mês de sol constante que veio secar o caminho dos pantanais, e ciente
do relatório dos engenheiros, o Coronel, já então Brigadeiro graduado, José
Antônio da Fonseca Galvão, ordena a partida.
E a 25.04.1866, seguia em direção ao Aquidauana,
contornando a serra de Maracaju e percorrendo zonas pantanosas e malarígenas. A
permanência em Coxim fora de 127 dias. As trilhas palmilhadas pelos
expedicionários margeando a serra, evitando, de um lado, a água demasiado
profunda e, de outro, a medonha mata virgem, eram vencidas e, com grandes
dificuldades os seus 135 km, quando, a 8 de maio, chegaram à margem direita do
Rio Negro. (CONTINUA...)
Bibliografia
SOUZA, Luiz de Castro. A
Medicina na Guerra do Paraguai (I a V) – Brasil – São Paulo, SP – USP,
Revista de História, 1968, 1969 e 1970.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira
(SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Caxias,
nomeado Chefe do Exército em Operações, envia ofício ao Ministro da Guerra, em
15.12.1866, relacionando os oficiais que deveriam acompanhá-lo e entre estes se
distinguia o nome do Cel. Drago. [Arquivo Nacional. Códice 547, Guerra do
Paraguai (pg. 22-23) v. 10]. Faleceu o Cel Drago no Rio de Janeiro, a 12.04.1882,
com a graduação de Brigadeiro reformado. Dizem que sua morte tivera causa no
profundo desgosto pela perda da filha, operada pelo cirurgião e anatomista
francês, Dr. J. A. Fort. O Brigadeiro Drago, como tantos outros brasileiros,
mantiveram violenta polêmica, pela imprensa, com este médico e professor
gaulês. A estada do Dr. Fort, no Brasil. nos anos de 1880 e 1881, foi
revestida, inicialmente, por manifestação de simpatia e apreço, tendo o mesmo
lecionado cursos livres assistidos pelo Imperador Dom Pedro porém, [TAUNAY,
1948 e SILVA ARAÚJO, 1961].
[2] Arquivo
Nacional. IG 1 – 241, doc. 205. (SOUZA)
[3] Pauis:
pantanais. (Hiram Reis)
[4] “Varo:
Devolve as Minhas Legiões!”
O
acontecimento histórico que evoco hoje teve lugar há dois mil anos. Corria o
ano 9 da era de Cristo quando o fabuloso exército romano [que consumia cerca de
90% dos recursos do orçamento do Estado romano!] sofreu uma das maiores
humilhações da sua história.
Aconteceu em
Teutoburgwald [ou floresta de Teutoberg], na parte noroeste da Alemanha, perto
de Osnabrück e da fronteira com a atual Holanda. Nada mais, nada menos do que
três legiões romanas [cerca de 15.000 homens, quase todos peões], acompanhadas
por seis Coortes de infantaria auxiliar e por três Alas de cavalaria auxiliar
[tropas de origem bárbara recrutadas nas fronteiras do Império] foram
surpreendidas e aniquiladas por uma Força de Germanos chefiada pelo líder
rebelde Armínio, príncipe dos Queruscos. A operação, além de brutal [nela
pereceram uns 20.000 soldados], teve algo de insólito.
O exército
romano era chefiado por Publius Quinctilius Varus, Legado Provincial da
Germânia, antigo governador da Síria e parente de Octávio Augusto, o primeiro
imperador romano [27 a.C. – 4 d.C.]. A marcha florestal que Varus levava a cabo
na Germânia inseria-se no projeto de Augusto para fazer chegar as fronteiras do
colossal Império até às margens do rio Elba. Os riscos eram conhecidos, mas
havia um pelo qual Varo decerto não esperava: ser surpreendido e dizimado
durante a marcha por uma emboscada planejada e liderada pelo seu amigo pessoal
Armínio, um antigo servidor do exército romano e um homem que chegara a receber
a cidadania romana e o estatuto de cavaleiro de Roma…
Não se
conhecem demasiados detalhes da operação, mas os arqueólogos identificaram o
local da emboscada e têm revelado elementos impressionantes para o conhecimento
da verdadeira dimensão da chacina. Sabe-se também que Varus, desesperado com a
surpresa do ataque germânico, se suicidou antes de consumado o massacre [algo
bastante contrário ao procedimento habitual dos Generais romanos].
Nos dias
seguintes, muitos pequenos destacamentos de tropas romanas espalhados pela
região sofreram ataques violentos dos bárbaros, entusiasmados com o sucesso da
operação de Teutoburgwald, sendo poucos os legionários e auxiliares que
conseguiram alcançar em segurança a região do rio Reno, para aí ficarem ao
abrigo de outras legiões do Império. O desastre configurou um dos poucos
fracassos do projeto militar de Augusto, cujo exército [contando perto de
300.000 efetivos, distribuídos por 25 Legiões, tropas auxiliares, guarnição de
Roma e marinha] conquistara o Noroeste da Península Ibérica, os Alpes e os seus
grandes vales, que submetera a Judeia e o Egito e que ousara até promover
expedições militares na Arábia [atual Jordânia] e na Etiópia.
Compreende-se, por isso, o que as fontes literárias nos relatam
acerca da reação de Augusto, quando informado do desastre na floresta alemã: já
bastante idoso, conta-se que deixou crescer o cabelo e a barba durante um mês,
em sinal de luto, e que passou a vaguear pelo seu palácio, em Roma, batendo com
a cabeça nas paredes e gritando: “Quintili Vare, legiones Redde!”. (GOUVEIA
MONTEIRO)
[5] Diário
Oficial. Império do Brasil, edição de 11.04.1865. (SOUZA)
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H