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Hiram Reis e Silva

Terceira Margem – Parte DLXXVI - Jornada Pantaneira - A Retirada da Laguna –Parte XIV


Terceira Margem – Parte DLXXVI - Jornada Pantaneira - A Retirada da Laguna –Parte XIV - Gente de Opinião

Bagé, 21.04.2023

XIV

Continua a Marcha. Temos o Inimigo à Frente Novo Sacrifício de Bagagens. Faltam os Víveres. Incêndios e Temporais. Escaramuças Incessantes.

A 12.05.1867, ao romper d’aurora, levantamos acampamento e, como de véspera, recomeçou a marcha por entre a macega alta. Longas voltas tivemos de dar para transpor o José Carlos, evitando alguns dos brejos profundos de onde lhe nascem as águas. Avançamos para o Norte. Prome­tia-nos Lopes que, naquela mesma tarde, podería­mos acampar numa garganta funda, onde nada te­ríamos a temer dos paraguaios. Ao longe os víamos também a procurar passagem, mas como quem não mostrava conhecer, tanto quanto nós, o terreno por onde nos seguiam. Alentou-nos o dia todo a esperança de bom acampamento; demonstrava o nosso Guia plena segurança, apontando-nos os fogos que os paraguaios haviam acendido em vários pontos e procurando demonstrar-nos que ainda desta vez não conseguiriam barrar-nos o caminho. Graças a ele conservávamos a dianteira embora estivéssemos a ponto de perdê-la. No momento em que o Sol, já declinando, tornara-nos a marcha menos penosa, mandou o Comandante da artilharia prevenir ao Coronel que os animais atrelados aos canhões estavam exaustos, havendo-se mesmo deitado alguns.

Nem eles nem o pequeno resto de rebanho, que ainda conservávamos, nada tinham podido comer ou beber desde a noite de 12.05.1867. Tornou-se, pois, forçoso estacarmos. Paramos; nada mais havia a fazer. Estabeleceu-se a coluna sobre pequena eleva­ção, em parte coberto de mato à extremidade do qual havia uma fonte.

Apenas ali nos instaláramos, começaram as lufadas de vento Sul, que soprava rijo, a trazer-nos de longe o calor do fogo que ao nosso encalço progredia no campo. Já Lopes, porém, pusera em movimento todo o pessoal, de que podia dispor, ordenando que a to­da a pressa se cortasse a macega, em torno de nós, e fosse carregada o mais longe possível.

Ele próprio, a tudo atendendo, providenciou para que os soldados vigorosamente a cobrissem de terra e a calcassem bem, o que se não pôde execu­tar sem muito sofrimento e grandes esforços dos trabalhadores. Era para nós questão de vida e morte e as ordens do Guia não representavam senão a expressão da mais rigorosa necessidade.

Lopes, a grande personalidade para nós outros, nesta cena do incêndio da macega, dando ordens por toda a parte, multiplicando-se, projetando-se sobre a cortina de chamas, ou desaparecendo, em suas solu­ções de continuidade, não era uma figura de mera teatralidade. Sem ele nos perderíamos!

A não serem tantas precauções, a fumaça nos asfixiaria; depois, quando o fogo nos chegou, quando folhas e galhos, amontoados em torno de nosso refúgio, acabaram, apesar de todas as precauções, por inflamar-se, a seu turno, dali saíram imensas línguas de fogo que como nos lambiam, ora alçando-se ao céu, ora deprimidas pelas correntes de ar variáveis e rápidas, que as impeliam, silvando furiosamente por cima de nossas cabeças.

Vários homens sofreram queimaduras profundas e um até caiu morto, asfixiado. Afinal este inimigo, esgotado pela própria violência e não achando mais alimento perto de nós, começou a afastar-se, conti­nuando o caminho para o Norte. Quando nossa gen­te, extenuada e morrendo de sede, após esta luta acrescida à fadiga da marcha, correu à fonte vizinha do acampamento, ali achou os paraguaios embosca­dos. Nada menos de duas Companhias foram pre­cisas para desalojá-los.

Aos últimos clarões do dia vimos este destacamento que se formara a certa distância, juntar-se ao grosso dos esquadrões inimigos, que em boa ordem desfi­lavam, bandeiras desfraldadas, ao toque dos clarins, evidentemente para nos provocar e, apressando-se, ao que nos pareceu, em ocupar o local exatamente onde a princípio quisera Lopes acampar.

Algumas balas que lhes despejamos vieram disten­der a animosidade dos nossos, exasperados pela sua cruel e covarde tentativa de queimar-nos vivos. Foi com verdadeira satisfação que verificamos quanto os nossos projéteis aceleravam a marcha destes adver­sários odiosos. Todavia a provação por que acabá­ramos de passar, naquele campo convertido em for­nalha, era das que sobre o homem exercem irresis­tível ação física.

A enorme elevação de temperatura, subitamente ocorrida, bastava para explicar o acabrunhamento em que caímos e o desfalecimento moral que se lhe seguiu. Não sabíamos, aliás, como seria possível avançar.

Estavam os animais de tiro de nossos canhões esfalfados, sobretudo os bois mais ainda que as mulas; e incapazes de dar um passo. No entanto era mais que urgente não perdermos um instante em recomeçar a marcha.

Entre uma infinidade de razões não devíamos deixar tempo ao inimigo, que agora nos precedia para fortificar algum ponto à nossa frente, impedindo-nos a passagem. Sabe-se quanto os paraguaios são ap­tos em movimentos de terra, cavar fossos e levantar redutos. Vem-lhes a tradição dos seus mestres, os Padres da Companhia de Jesus, que cultivavam todas as artes, sobretudo a arquitetura e a Engenharia Militar.

Este imenso perigo de nossa situação inspirou ao Comandante a ideia imediata de ainda diminuir a bagagem para reforçar as juntas e parelhas das peças e carros manchegos ([1]). Entendeu-se com os oficiais, a quem competia tal providência, e estes na­da lhe objetaram. Ficando reduzidos ao que sobre o corpo traziam, queimaram algumas últimas e míse­ras superfluidades, uma outra mala e barraca.

Desde o combate de 08.05.1867 nada mais tinham os soldados que carregar ou que perder; haviam atirado fora até os capotes que os embaraçavam, quando perseguiam os inimigos. As bestas, libertas da carga foram destinadas ao transporte do cartu­chame.

Para maior desgraça nossa tivemos, essa noite, uma chuva torrencial, verdadeiro dilúvio, que nos pôs atônitos, embora já houvéssemos experimentado outra, e terrível, e, pela manhã, lhe víssemos os prenúncios, o acúmulo de imensas nuvens bronzea­das, constantemente sulcadas pelos relâmpagos, por entre contínuo trovejar.

Durante toda a noite mantiveram-se de pé os nossos soldados encostados às espingardas que haviam fincado no solo pela baioneta.

Esta vigília assinala-se em nossas reminiscências não menos penosamente do que a de 05.05.1867, entre tantos outros pousos desastrosos. É preciso haver alguém assistido, com a alma tomada de tristeza, a estas tremendas crises da natureza, para poder ava­liar exatamente a extensão de sua influência sobre o organismo humano. Recursos não os tínhamos.

Não havia em todo o acampamento uma só gota de álcool capaz de entreter o calor interno que nos fugia. O fogo, última esperança, não podíamos acendê-lo sob tamanho temporal.

Foi neste estado de universal desfalecimento que ainda nos veio acabrunhar a confirmação de quanto declarara o ferido paraguaio. Curupaití e Humaitá resistiam sempre e a guerra estava longe do seu término. Soubemo-lo por um número de “El Sema­nário de Assunção”, que acabava de ser encontrado sobre um inimigo morto numa escaramuça. Espa­lhou-se o boato, com a rapidez de propagação das más notícias, extinguindo as últimas centelhas da confiança e da coragem: foi-nos impossível marchar a 13.05.1867.

No dia seguinte [14.05.1867], caía a chuva, ainda ao alvorecer, mas já um tanto mitigada, quando deixa­mos este inóspito acampamento para entrar em cer­rada mata que o nosso Guia, com grande sagaci­dade, julgara propício escolher.

Ali caminhamos durante mais de duas horas e não sem muitas dificuldades. Assim evitávamos, porém, o desfiladeiro que os paraguaios ocupavam e onde, sem dúvida, supunham aniquilar-nos. Com razão mostrou-se Lopes desvanecido do êxito desta mano­bra. Havendo alguém indagado que rumo seguira, gostosamente pôs-se a rir:

  O de minha cabeça.

Se via consultar a bússola, declarava que a agulha grande só servia para se fazerem bonitos desenhos destinados a divertir passeantes. Convenceram-no, contudo, que deixara o rumo Norte e assim se atrasara:

  Sim, momentaneamente, respondeu, nos desvia­mos para os campos da Pedra de Cal, que desco­bri e em 1864 o meu amigo, o General Leverger, viria visitar comigo, se não arrebentasse a guerra.

Ao meio-dia estávamos em frente a um cerrado de taquaris, através do qual precisamos abrir caminho, a foice e a machadinha, o que muito tempo nos tomou, dada a dureza e a elasticidade desta espécie de bambu e também a má qualidade do aço de nossa ferramenta. Às 14h00, ainda estávamos às voltas com este serviço. Nosso Guia, sobretudo, mal podia sopitar a impaciência.

De tempos a tempos ele próprio tentava varar o matagal, deitado sobre o pescoço da montaria, procurando entrever alguma passagem para o campo. Como não conseguisse, porém, víamo-lo voltar descontente, agitado, e com as roupas rasgadas.

Afinal dali saímos às 15h00; às 17h00, transposta a resistente barreira, continuou toda a coluna a cami­nhada, já ao cair do dia, para uma elevação situada a um bom quarto de légua, e à base da qual belo arvoredo indicava a vizinhança de uma fonte. Já lá se achava instalada avultada tropa paraguaia, dis­posta a acampar. Tinham os cavaleiros desmontado, embora ainda em forma. Bastaram duas granadas de nossas peças da vanguarda para que se apressassem em nos ceder o lugar. Ali nos estabelecemos tranqui­lamente. Os nossos animais encontraram pasto regular e toda a água de que careciam.

Carneamos à tarde os bois mais cansados das carretas. Dada a insuficiência e a má qualidade dos víveres, foi uma distribuição quase irrisória.

A 15.05.1867, ao romper da aurora, estávamos numa planície coberta de macega, onde um incêndio, em outro momento do dia seria de se recear. Obje­tou Lopes que a erva, embebida do orvalho noturno, só poderia arder depois de exposta, por algum tempo, aos raios solares. A partir deste dia adotamos a norma de, desde muito cedo, pôr a tropa em movimento, ativando, quanto possível, a primeira marcha. Em vasta extensão oferecia o terreno a atravessar­mos uma série de montículos intervala­dos, com certa regularidade, por extensos pântanos de onde saem vários afluentes do Apa.

A passagem destes pântanos tornava-se difícil, com a chuva torrencial de 13.05.1867, e ora a artilharia, ora algumas carretas, se atolavam. Estávamos a vencer um destes difíceis passos, no momento de transpor uma destas sangas estreitas, quando patru­lhas inimigas, em número considerável, vieram dar-nos, não uma carga, mas realizar como que um reco­nhecimento bastante prolongado, a fim de nos fazer crer, talvez, que desejavam algum embate sério.

Logo, entretanto, formaram-se em colunas e retira­ram-se, o que tanto mais nos surpreendeu, quanto, por trás deles, divisáramos um enxame de atiradores que, dispostos em pequenos grupos, pareciam mirar a rarefação de nossas fileiras para facilitar a tarefa da cavalaria, de que diversos destacamentos apareciam, prestes a entrar em fogo.

Nestas circunstâncias não podíamos atacar a infan­taria e tivemos de lhe suportar o fogo. Felizmente era-lhe a pontaria má, afoita, incerta, como sempre notáramos entre os paraguaios. Empregavam cartu­chos volumosos, produzindo grande recuo.

Dir-se-ia que desejavam, sobretudo, fazer ruído com as armas e não obter um efeito útil. Certo é que lhes faltava suficiente aprendizagem e exercício.

Ainda desta vez pouco mal nos fizeram. Passaram suas balas por cima de nossas cabeças e só tivemos dois homens fora de combate. Apontávamos muito melhor; e várias vezes lhes perturbamos a forma­tura. Vimo-los, então, usar de manobra nova: deita­vam-se ao abrigo dos acidentes do terreno, ao seu alcance; e destes esconderijos nos faziam fogo.

Surgiam uma ou duas cabeças nas cristas das pe­quenas elevações e, imediatamente, se escondiam, após alguns tiros disparados a esmo. Quase não respondemos a este fogo. Um pouco mais ao longe havia, no entanto, sobre um planalto bastante extenso, um grupo de cavaleiros, que faziam empinar os cavalos, soltando vivas ao Paraguai e ao Marechal López. Como se adiantasse ao alcance de nossa artilharia, atirou esta, retrocedendo o grupo lentamente.

Um deles, porém, deixado de observação, imóvel so­bre o cavalo, parecia afrontar-nos. Atirou-lhe o Major Cantuária tão certeira granada que, caindo às patas do cavalo, cobriu-o e ao cavaleiro, de terra e depois, ricocheteando, até um bosque próximo, onde havia gente, explodiu com bastante efeito para que pudés­semos notar o rebuliço. A custo conteve a sentinela a cavalgadura, mas não arredou do lugar e assim per­demos o gosto de sobre ela atirar.

Julgando o Coronel que esta demonstração só podia atrasar-nos, ordenou que o 20° Batalhão atraves­sasse o brejo, e depois o resto da coluna, mas desde que recomeçamos a marchar surgiram de todos os pontos da campina chamas que, conglobando-se, tomaram aterradoras proporções.

Lopes que, durante toda a longa escaramuça, não conseguira disfarçar uma inquietação, que jamais lhe notáramos, reconquistou, então, toda a energia da decisão. Mandou imediatamente encostar a coluna a dois capões de mato que, momentaneamente, nos preservaram das labaredas laterais e depois fez com que se cortasse a macega, numa área ainda maior do que na primeira vez, e onde tivemos que sofrer menos a aproximação do fogo, mas onde foi a fuma­ça muito mais terrível, devido à imensa extensão do campo.

Tem este gênero de incêndio feição toda especial e de que nem uma cidade inteiramente devorada pelo fogo poderia dar ideia. Aumenta conforme a distância de onde vêm as chamas tangidas pelo vento, que as domina, e mais formarão elas, em todos os obstácu­los encontrados, contra correntes espalhadas em todas as direções, animadas como de inextinguível furor.

Do combate, que no ar travam, saltam clarões ofus­cantes, ardentias e deslumbramentos que cegam e abrasam a pele do rosto. Um dos capões a que nos encostáramos compunha-se em grande parte desta espécie de bambus chamada taboca, cuja haste nos internódios é oca.

Nelas produzia o fogo detonações semelhantes às do canhão: começamos a crer que a artilharia paraguaia tornara a entrar em linha. Pôs-se o velho Lopes a zombar:

  Bem se vê que os senhores são novatos nesta terra.

Pouco depois, como o vento amainasse e a atmos­fera refrescasse um pouco, quisemos prosseguir a marcha; mas o Sol, reverberado pelo terreno escal­dante e calcinado, tornou-a, durante o breve tempo em que a suportamos, uma provação que aos mais robustos arrancava involuntários gemidos.

Não podiam os olhos conservarem-se abertos no abrasado ambiente que atravessávamos. (TAUNAY, 1874) (Continua...)

 

Bibliografia

 

TAUNAY, Alfredo de Escragnolle. A Retirada da Laguna: Episódio da Guerra do Paraguai – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Tipografia Americana, 1874.

 


(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com.



[1]    Manchegos: com munição de artilharia. (Hiram Reis)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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