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Hiram Reis e Silva

Terceira Margem – Parte DXCIII - Jornada Pantaneira - Plágio Sesquicentenário


Cabichuí n° 47, 16.10.1867 - Gente de Opinião
Cabichuí n° 47, 16.10.1867

Bagé, 31.05.2023


Rio Aquidauana...

(Agenor Martinho Correa)

Sentado à margem do teu leito amigo,

Na paz que na cidade não consigo

Ante a balbúrdia de todos os instantes,

Vejo passarem tuas águas murmurantes

Entoando doce canção levada ao vento,

Vejo tu desceres preguiçoso, lento,

Beijando as barrancas timidamente...

E a tua paz misteriosa, envolvente,

Faz-me esquecer dos conflitos meus. [...]

Compulsado, em 2020, à uma quarentena inde­sejada, estava revisando meu 25° livro – “Jornada Pan­taneira” quando esbarrei, ao analisar o perfil do asque­roso Francisco Solano López, com uma “Ode” ao abo­minável “Mariscal”. A poesia dedicada Exm° “Mariscal Presidente” tinha sido publicada originalmente no Jornal “El Cabichuí” n° 47, no dia 16.10.1867, e, mais tarde divulgada em todos os periódicos paraguaios.

El Cabichuí

O jornal “El Cabichuí”, fundado por Juan Crisóstomo Centurión Y Marttínez, o Padre Fidel Maíz e Natalício de Maria Talavera, seus redatores chefes, foi impresso, durante a Guerra da Tríplice Aliança, no Quartel General Paraguaio de “Paso Pucú” pela “Imprensa Del Ejercito”.

O periódico, de duas edições por semana, impresso de 13.05.1867 a 20.08.1868, depois da 95° publicação foi extinto por falta de matéria prima e pessoal especializado. Ricamente ilustrado, repercutia caricaturas satíricas dos principais líderes políticos e militares envolvidos na conflagração. A redação tinha a intenção premeditada, devidamente manipulada pelo neroniano “Mariscal”, de usando uma crítica mordaz denegrir a imagem dos seus adversários taxando-os de pusilânimes e bárbaros e de exaltar o heroísmo e determinação dos militares e povo paraguaio, ao mesmo tempo que transferia, sem pejo, as ações criminosas do seu exército como se estas tivessem sido promovidas pelos adversários.

Silveria Espinosa de Rendón - Gente de Opinião
Silveria Espinosa de Rendón

Silveria Espinosa de Rendón

A poetisa Silveria Engracia Antonia de los Dolo­res, nasceu, no dia 20.01.1815, na Hacienda Zamora, em Sopó, na antiga Nova Granada, hoje município da Colômbia no Departamento de Cundinamarca, cuja sede municipal está localizada 39 km ao norte de Bogotá. Silveria Espinosa faleceu em Bogotá no dia 16.08.1886. Sua família administrava “La Imprenta Granadina”, que, desde 1776, tinha sido encarregada oficialmente, pelo Vice-rei Manuel Antonio Flórez, como “Impressora Real”. Silveria Espinosa foi educada em um ambiente extremamente intelectualizado na cidade de Santa Fé, despertando nela, desde cedo, um interesse muito especial pela literatura em geral e, em especial, pela poesia.

Nos saraus de que participava com os familiares e conhecidos recitava com entusiasmo invulgar seus poemas e poesias que logo em seguida, incentivada pelos familiares, passou a editá-los.

Sua poesia rompeu o círculo dos familiares e amigos quando divulgou suas criações nos periódicos colombianos como “La Guirnalda”, “El Papel Periódico Ilustrado”, “La Caridad” e “La Lira Granadina”. Foi a primeira poetisa colombiana que teve suas obras publicadas na Europa e defendeu veementemente o direito das outras mulheres se tornarem escritoras.


Plágio Sesquicentenário

Vejamos, a poesia original de Silveria e depois o plágio do “El Cabichuí n° 47” de 16.10.1867, atentando para os textos sublinhados:

Flores Del Jénio, 1864 - Gente de Opinião
Flores Del Jénio, 1864

Flores Del Jénio, 1864

Cochabamba, Bolivia – Abril de 1864

Para el Álbum de la Señorita M. Q.

(Silveria Espinosa de Rendón)

La hermosa flor que nace en la pradera

Y que embalsama el aura con su aliento,

¡Oh! siempre, Margarita, un pensamiento

De santa gratitud despierta en mí:

El mismo que me inspira tu sonrisa,

Tu gracia virginal, tu donosura ([1]);

Que si Dios, a las flores da hermosura,

Inocencia i candor te ha dado a ti.

Si alguna vez, al despertar, escucho

Del canto de las aves la armonía,

Uno a sus ecos la plegaria mía

I es más férvida, entonces mi oración:

I si vibran, por dicha, en mis oídos

De tu voz los armónicos acentos,

Suben a Dios, también, mis pensamientos

De santa gratitud y admiración.

Más, algo admiro en ti, que es más hermoso

Que tus gracias y noble gentileza,

Que con mayor placer y más viveza

Arrebata mi mente hasta el Señor:

Algo que vale más que tu sonrisa,

Que tu precioso talle y que tu acento;

Algo que vale más que tu talento...

¿Sabes qué es, Margarita? – ¡Tu pudor!

¡Oh! guarda, pues, mi candorosa amiga,

Ese santo y riquísimo tesoro,

Que es de una virgen la corona de oro

Y el blasón de su bella juventud:

Guárdalo, sí, con todos los encantos

Que bondadoso te concede el cielo;

Y si brillas espléndida en el suelo,

No olvides que tu gloria es la virtud.

(FLORES DEL JÉNIO, 1864)

El Cabichuí n° 47, 16.10.1867 - Gente de Opinião
El Cabichuí n° 47, 16.10.1867

Cabichuí n° 47

Paso Pucú, Paraguay – Miércoles [2], 16.10.1867

Al Exm° Señor Mariscal Presidente de la República
En el día 16.10 1867 – Quinto Aniversario de su
Magistratura Suprema – Poesía

La hermosa flor que nace en la pradera

Y que embalsama el aura con su aliento.

¡Oh! Siempre, Gran Guerrero, un pensamiento

De santa gratitud despierta en mí;

El mismo que me inspiran tus bondades.

Tu coraje sin par y tu bravura;

Que si Dios a las flores dio hermosura

La clemencia y bondad te ha dado a ti.

Si alguna vez, al despertar, escucho

Del canto de las aves la armonía,

Uno a sus ecos la plegaria mía,

Y es más férvida entonces mí oración:

Y si vibran por dicha en mis oídos

De tu voz paternal dulces acentos,

Suben a Dios, también, mis pensamientos

De santa gratitud y admiración.

Más, algo admiro en ti, que es más hermoso

Que tu bondad y noble gentileza,

Que con mayor placer y más viveza

Arrebata mi mente hasta el Criador:

Algo que vale más que regias pompas,

Que ese de esclavos terrorozo acento;

Algo que vale más que joyasciente:

Esta prenda, Señor, es tu valor.

Hoy más que nunca reconoce el Pueblo

Ese santo y riquísimo tesoro,

Que es de esta Patria la corona de oro

de esclavos abyectos el terror.

Los ha mostrado Señoren las victorias

Que bondadoso te concede el Cielo;

Y si brillas cual astro en el suelo,

¿Quién duda que tu gloria es el valor?

(CABICHUÍ N° 47)

 

Bibliografia

 

CABICHUÍ N° 47. Poesía a Exm° Sr. Mariscal Presidente – Paraguay – Paso Pacú – El Cabichuí n° 47, 16.10.1867.

 

FLORES DEL JÉNIO, 1864. Para el Álbum de la Señorita M. Q. – Bolívia – Cochabamba – Imprenta Del Siglo – Flores del Jénio – Tomo 1, Entrega 3ª, abril de 1864.

 

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com.



[1]    Donosura: honra. (Hiram Reis)

[2]    Miércoles: Quarta-feira. (Hiram Reis)

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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