Sexta-feira, 9 de dezembro de 2022 - 06h05
Bagé, 09.12.2022
Mar Português - Segunda Parte
(Fernando
Pessoa)
[...]
O sonho é ver as formas invisíveis
Da
distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos
da esperança e da vontade,
Buscar
na linha fria do horizonte
Estou Cansado
(Fernando
Pessoa)
[...] Tenho visto muito e entendido
muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço
que isto nos dá,
Que
afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Ano passado concluímos a última fase da Expedição
Centenária Roosevelt-Rondon, no período de 04.08.2017 a 20.08.2017, percorrendo
os Rios Paraguai e Cuiabá desde o Rio Apa, MS, até Cáceres, MT, embarcados em
uma confortável chalana percorrendo exatamente a mesma rota e desfrutando das
mesmas comodidades da Expedição original.
Diário de
Cáceres ‒ Cáceres, MT
Quinta-Feira,
24.08.2017
O Núcleo de Documentação de História Escrita e
Oral [NUDHEO] da UNEMAT em Cáceres recebeu nesta Segunda-feira [21] uma série
de documentos digitalizados sobre a Expedição Centenária Roosevelt-Rondon. Os
documentos foram entregues pelos militares, professores e exploradores que
nesta semana passaram por Cáceres, refazendo a terceira fase da Expedição.
(DIÁRIO DE CÁCERES, 24.08.2017)
Tão logo concluída esta fase
parti para Rio Branco, Acre. Meu caiaque oceânico ‒ o “Argo I” ‒ um formidável Cabo Horn, da Opium Fiberglass, graças ao
empenho do 8° Batalhão de Engenharia de Construção (8° BEC), do 2° Grupamento
de Engenharia de Construção (2° Gpt E) e do 5° e 7° BECs já me aguardava no
Quartel do 7° BEC em Rio Branco, Acre.
O caiaque percorreu 740 km
pelo Rio Amazonas de Santarém, PA, a Manaus, AM; 1.240 km de Manaus a Porto
Velho, RO, pelo Rio Madeira e 510 km pela BR-364 de Porto Velho a Rio Branco,
AC – quase 2.500 km.
Parti de Iñapari, Peru, no
dia 06.09.2017, e aportei às 11h00, do dia 26.09.2017, na Boca do Acre, AM
(08°45’11,67” S / 67°23’58,10” O) concluindo minha solitária jornada pelo Rio
Acre com onze dias de remo e nove de descanso.
Muito diferente da Expedição
anterior, foram 815,2 km que exigiram, mais uma vez, uma energia e determinação
invulgar deste velho e alquebrado guerreiro. Nas cidades, recebi o apoio, do
Exército Brasileiro, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre, das
Prefeituras do Porto Acre e Boca do Acre e dos humildes ribeirinhos.
A participação na III Fase
da Expedição Centenária Roosevelt-Rondon forçou-me a enfrentar o pico da
estiagem do Rio Acre enfrentando condições bastante adversas.
Gente de
Opinião ‒ Porto Velho, RO
Domingo,
22.10.2017
05.09.2017 – Partida de Iñapari: Acordei às
04h30, carreguei as tralhas no caiaque que continuava embarcado no caminhão e,
às 05h00, fomos até a margem do Rio Acre, no Peru, de onde parti às 05h30. Como
nos encontrávamos na estiagem o Rio apresentava extensos bancos de areia que
dificultavam bastante a navegação.
O “Argo I”
ia arrastando o casco e o leme na areia e esse atrito exigia um esforço maior
na remada. Fazia um ano que não me dedicava à canoagem e, por isso mesmo, tinha
decidido iniciar num ritmo mais lento adaptando-me progressivamente ao esforço
contínuo de remar, no mínimo, 08h30 por dia. [...]
Os enormes bancos de areia e troncos forçavam-me,
constantemente, a descer do caiaque e arrastá-lo sob o Sol intenso. A
progressão era lenta e penosa e eu tinha dúvidas se conseguiria vencer os quase
190 km que me separavam de Brasileia em apenas três dias. (GENTE DE OPINIÃO,
22.10.2017)
Tão logo conclui minha jornada combinei com o
Coronel Luís Henrique Santos Franco, Comandante do 7° Batalhão de Engenharia de
Construção (7° BEC), hoje Comandante do Corpo de Cadetes da Academia Militar
das Agulhas Negras (AMAN), o transporte do caiaque de Rio Branco, Acre, para
Boa Vista, Roraima, procurando viabilizar minha próxima empreitada ‒ a descida
dos Rios Tacutu-Branco-Negro, desde Bonfim, RR, até Manaus, AM (1.057 km).
O processo envolveu o atual Comandante do 7° BEC
Ten Cel Flávio do Prado, o ex-Cmt do 2° Gpt E, General de Brigada Paulo Roberto
Viana Rabelo, o atual Comandante do Grupamento, Gen Bda Marcus Vinícius
Fontoura de Melo e o Cmt do 6° BEC Ten Cel Vandir Pereira Soares Júnior.
Foram 510
km, pela BR-364, desde Rio Branco, AC, a Porto Velho, RO; 1.240 km de Porto
Velho a Manaus, AM, pelo Rio Madeira e 785 km de Manaus a Boa vista, RR, pela
BR-174 – mais de 2.500 km.
(Vinicius
de Moraes)
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca
perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E
como sempre singular comigo. [...]
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E
o espelho de minha alma multiplica...
O Dr. Marc Meyers,
idealizador da Expedição Centenária Roosevelt-Rondon pretendia, em agosto deste
ano, percorrer um trecho de aproximadamente 170 km que fomos impedidos de
navegar no Rio Roosevelt por intervenção dos Cinta-Larga, a partir da ponte Ten
Marques até o acampamento da APROVALE, na margem direita do Rio Roosevelt, 14
km à jusante da Balsa da APROVALE.
Defesanet
‒ Porto Velho, RO
Segunda-Feira,
08.06.2015
“Perdemos dois dias porque os índios Cinta-Larga não autorizaram a
navegação em área circunvizinha à sua reserva”, diz o Cel Hiram. Devido à
restrição imposta pelos indígenas, os pesquisadores deixaram de percorrer 184
km, “que foram considerados os mais
difíceis pela expedição original”, segundo o Cel Hiram. Mas, com exceção do
pequeno incidente com a tribo indígena, a nova viagem pelo Rio Roosevelt foi
tranquila – bem diferente da realizada no século passado. (DEFESANET,
08.06.2015)
Fiquei bastante transtornado
com a situação, pois a programação para a descida do Rio Branco que se iniciara
em outubro do ano passado e que contava com o apoio direto de dois Comandos
Militares, o Comando Militar do Sul (CMS) e o Comando Militar da Amazônia
(CMA), e cujo sucesso dependia diretamente das condições climáticas seria
seriamente comprometido com o adiamento da jornada, além disso, as passagens
aéreas já tinham sido compradas pelo meu amigo Cristian Mairesse Cavalheiro,
para 23.08.2018, e já tinha conseguido agendar com o ICMBIO um período de
permanência na Base Carabinani, Boca do Jau, Rio Negro, graças ao apoio dos
amigos Daniel Reis Maiolino de Mendonça, Gilberto Moreira e Josângela Jesus.
Em contrapartida eu tinha um
compromisso moral para com a família Meyers ‒ seu irmão Pedro que me apoiou
prontamente, em três oportunidades, quando enfrentei sérias dificuldades
financeiras em decorrência da enfermidade de minha esposa, internada numa
clínica há mais de 14 anos.
Felizmente o Dr. Marc e o
Cel Angonese acordaram em transferir a Descida, para 2019, e com isso posso
manter o foco no planejamento de minha próxima missão que é descer, sozinho, os
1.057 km dos Rios Tacutu-Branco-Negro.
Nos últimos dez anos chegamos a ter mais de uma
centena de apoiadores às nossas descidas e agora este número foi drasticamente
reduzido. Além dos amigos Pedro Meyers, Cristian Mairesse e do meu cunhado Gen
Ex Virgílio Ribeiro Muxfeldt, que foram os primeiros a se apresentar como
investidores para esta etapa estão nos apoiando o meu caro xará Cel Hiram de
Freitas Câmara, o meu primeiro Sub-Cmt Cel Alfredo José Coelho dos Santos e o
meu irmão pantaneiro Cap Roney Bento Alves Ribeiro. O sensoriamento remoto,
mais uma vez, será realizado pela Skysulbra Tecnologia Ltda graças
aos camaradas de longa data Luiz Felipe Meneguetti Regadas e Manoel da Rosa
Michael.
(Da Costa e Silva)
[...] Aonde vou nesse
estranho bergantim,
Veloz e afoito como o
pensamento?
Que céu de sonho, que país
nevoento,
Que mundo de mistério busco, enfim?
Nos extremos remotos do
horizonte,
Perde-se a barca, espaço em
fora, sem
Que com o porto encantado se defronte.
Colho as velas, deito a
âncora, porém
Surge na proa o vulto de Caronte
Com a mão no leme, a dirigir-me: Além!
Bibliografia
DEFESANET, 08.06.2015. Militares Brasileiros e Pesquisadores Americanos Refazem Expedição
Histórica – Brasil – Porto Alegre, RS – Defesanet, 08.06.2015.
DIÁRIO DE CÁCERES ‒ Brasil, Cáceres, MT ‒
Diário de Cáceres, 24.08.2017.
GENTE DE OPINIÃO, 22.10.2017. Epopeia
Acreana – Parte I – Brasil – Rondônia, RO – Gente de Opinião, 22.10.2017.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H