Quarta-feira, 14 de dezembro de 2022 - 11h36
Bagé, 14.12.2022
Mensalmente
tínhamos um período de arejamento (dispensa) de seis dias. Durante um desses
arejamentos em que eu permanecera de plantão na Companhia, com um efetivo
mínimo à minha disposição, recebi, por volta das 23h00, um telefonema ([1]) do
Coronel Ornélio da Costa Machado (Cmt do 6° BEC), que assumira o comando
recentemente. O Cel Machado fora informado, pelo Gen Orlando Morgado (Cmt do 2°
GPT E), das preocupantes condições de tráfego da ponte de madeira do
Tarumã-açu. O problema era antigo e de nosso conhecimento, um dos cavaletes
vinha cedendo pouco a pouco e estávamos programando colocar mais um chapéu de
cavalete sobre o original para resolver o problema que não era absolutamente
emergencial. Parti para a mineração Taboca, que tinha uma excelente equipe de
pontes à disposição, aonde cheguei por volta da uma da manhã.
Pedi para acordar o Dr. Zan
e lhe expus o problema e a solução. O Dr. Zan me garantiu que logo que
clareasse o dia enviaria uma equipe ao local para solucionar o problema.
Considerando a 1ª Fase da Operação Tarumã-açu concluída, parti para a solução
definitiva.
Ao lado da ponte de madeira
já tínhamos construído uma ponte de concreto que não estava sendo usada por
falta de recursos para a construção do aterro de acesso até ela. A Hidrelétrica
de Balbina se encontrava em pleno período de concretagem com diversos caminhões
usando a ponte do Tarumã-açu. Às 06h00, meu motorista estacionou ao lado do
refeitório da Eletronorte onde me encontrei com seus engenheiros e lhes expus
o problema e a solução que foi imediatamente acatada. Voltei para a Companhia
com intenção de um breve descanso, mas, ao chegar ao entroncamento da AM-240
(Estrada de Balbina) com a BR-174 (km 103), encontrei o Sargento Okamura, Cmt
do 1° Pelotão, que, aflito, me informou que o Cel Machado estaria pousando ao
meio-dia em Manaus para verificar o estado da ponte. Imediatamente eu e o Sd
Hélio, meu motorista, nos dirigimos ao Aeroporto Internacional de Manaus –
Eduardo Gomes.
Recebi
meu Comandante, no aeroporto, e tranquilizei-o informando que todas as providências
relativas à ponte já tinham sido devidamente tomadas. Um tanto apreensivo o
Cel Machado só começou a descontrair quando ao chegar à ponte do Tarumã-açu
verificou que esta já estava sendo liberada ao tráfego depois de recuperada
pela equipe de pontes da Mineração Taboca com a superposição de um chapéu de
cavalete ao anterior, sob a fiscalização atenta do Sgt Okamura.
Encerrava-se,
então, a 1ª Fase da Operação Tarumã-açu ou solução temporária. Logo depois de
passarmos pelo entroncamento e entrarmos na AM-240 com destino à Balbina para
conversarmos com o pessoal da Eletronorte cruzamos com um enorme aparato
formado por um comboio de lubrificação (melosa), tratores, moto-niveladoras,
moto scrapers, pranchas carregando compactadores...
Foi só
então que expliquei ao comandante que esta era 2ª Fase da Operação Tarumã-açu
ou solução definitiva. O comandante franziu a testa e resolvi, então, abrir o
jogo. Na minha explanação aos engenheiros da Eletronorte, extremamente
preocupados com a fase de concretagem de Balbina, disse-lhes que provavelmente
teríamos de interromper temporariamente o tráfego na BR-174 em virtude das
precárias condições da ponte. O caos instalara-se no refeitório e eles perguntaram
angustiados qual seria a alternativa e eu disse que seria a construção do
aterro de acesso à ponte de concreto. Simples assim.
Em
Balbina, o Cel Machado agradeceu, visivelmente emocionado ao pessoal da
Eletronorte, e voltamos para a BR-174, para que ele fosse até o acampamento
da mineração Taboca agradecer pessoalmente ao Dr. Zan. Depois disso, na ponte
do Alalaú, meu caro comandante embarcou na sua viatura pilotada pelo Cabo Júnior
e voltou para Boa Vista. Mais um dia típico de um jovem trecheiro.
Minha
jovem família, a esposa Neiva com 27 anos, minha primogênita com um ano e meio
e a filha n° 2 com três meses, tiveram nesse período um pai muito ausente em
função do trabalho. Mas cada uma delas superou esta faze com galhardia
invulgar.
Sempre que possível, ao inspecionar as atividades do 2° Pelotão, do Abonari para o Norte, e retornar no mesmo dia, levava-as comigo para visitar o canteiro de trabalho, as aldeias indígenas e o acampamento da Mineração Taboca onde eram muito bem recebidas.
O Número 666
(Bíblia
Sagrada)
Parti para esta Descida com uma preocupação adicional em virtude da numerologia. Há 36 anos eu estivera por estas plagas, ou seja, 6+6+6 no século passado e 6+6+6 deste século ‒ nefasta numerologia. Acho, porém, que o fracasso da missão em função de minhas condições físicas, lesão no manguito rotador ([2]), ocorreu em virtude da numerologia sim, mas de outro número tão ou mais funesto do que o 666 ‒ o número 13, adotado pelo facinoroso PT. Na conclusão da Descida dos Rios Tacutu/Branco/Negro eu teria navegado mais de 13.000 km pelos amazônicos caudais.
O Número 13
(Bíblia
Sagrada)
O capítulo 13, do versículo 1 ao 18, do livro do Apocalipse faz referência ao anticristo, à besta e aos seus fiéis seguidores que passaram a ostentar na testa ou na mão direita a sua marca, pois do contrário seriam impedidos de “comprar ou de vender”.
(Bíblia
Sagrada)
(Bíblia
Sagrada)
Na Última
Ceia estavam presentes 13 indivíduos ‒ Jesus Cristo e os seus 12 apóstolos.
Nessa oportunidade, Cristo foi traído por Judas Iscariotes.
1307 – No dia 13.10.1307, o rei da França, Filipe IV,
considerou ilegal a ordem dos Cavaleiros
Templários e decretou que os membros da ordem deveriam ser perseguidos, presos, torturados e mortos;
1647 – No dia 13.05.1647, um forte terremoto destrói
Santiago do Chile;
1692 – No dia 13.02.1692, quase 80 integrantes do
Clã Macdonald, em Glen Coe, na Escócia, são mortos no início da manhã por não
jurarem fidelidade ao novo rei, Guilherme de Orange;
1915 – No dia 13.01.1915, um terremoto destrói por
completo a cidade de Avezzano, na Itália, provocando a morte de quase 30 mil
pessoas;
1919 – No dia 13.04.1919, o exército britânico,
destrói uma cidade sagrada da Índia e executa pessoas que protestavam contra as
novas leis impostas pelo império;
1926 – No dia 13.08.1926, nasceu, em Havana, Cuba, o revolucionário Fidel Alejandro Castro Ruz;
1935 – No dia 13.08.1935, o rompimento da represa de
Orada, ao Norte de Gênova, deixa centenas de mortos;
1972 – No dia 13.10.1972, acontece um acidente aéreo
na Cordilheira dos Andes com um avião uruguaio em que viajavam 45 pessoas, a
maioria membros de uma equipe de rúgbi;
1982 – No dia 13.12.1982, um terremoto no Iêmen,
resulta em 3 mil mortos e 2 mil feridos;
1985 – No dia 13.11.1985, a erupção do vulcão Nevada
Del Ruiz, na Colômbia, causa a morte de mais de 20 mil pessoas;
1992 – No dia 13.03.1992, um terremoto na Turquia,
deixa 570 mortos;
1994 – No dia 13.01.1994, o calor e a seca provocam
o maior incêndio na Austrália dos últimos 200 anos;
1994 – No dia 13.11.1994, onze alpinistas, morrem ao
cair de uma encosta do Himalaia, no Nepal;
1997 – No dia 13.03.1997, um avião militar se choca
contra uma montanha no Irã, matando 88 pessoas;
2001 – No dia 13.02.2001, um terremoto, deixa centenas de mortos em El Salvador.
A Data Fatídica
(Jornalista Marta Leite
Ferreira)
Eram tempos difíceis para os cristãos. Aqueles
que se dirigiam a Jerusalém para rezar no berço do Cristianismo eram atacados
pelos muçulmanos que perseguiam os reinos cristãos fundados no Oriente pelas Cruzadas.
Precisavam de proteção.
Por isso, em 1119, um fidalgo francês natural de
Champanhe [França] decidiu fundar uma organização de “anjos da guarda” para os peregrinos.
Hugo de Payens juntou-se então a oito cavaleiros com o aval do rei Balduíno II de Jerusalém e fez nascer a “Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão”, cujos membros eram conhecidos por “Cavaleiros Templários”. Mas 118 anos mais tarde, a 13.10.1307, os cavaleiros conheceram um fim sangrento. E nós ganhamos o fardo do seu azar.
Um Poder que Desagradava ao Rei
Quem entrava na Ordem dos Templários tinha de fazer um voto de pobreza e castidade. Durante dois séculos, os membros entregavam todos os seus bens e todo o dinheiro à organização, que ganhou um poder financeiro imensurável. Eram vistos com grande prestígio na Europa, ganharam cada vez mais membros fiéis e a sua filosofia tinha de ser digna dos princípios cristãos. Aliás, o mote que seguiam tinha sido retirado dos ensinamentos de São Bernardo: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas pela Glória de teu nome”. Mas um rei francês viu pouca pureza debaixo dos fatos ([3]) brancos com a cruz de Cristo vermelha ao peito. E armou uma cilada aos cavaleiros numa madrugada de outubro de 1307. Era Sexta-feira, 13. Filipe IV, o Belo, não gostava do poder que os Cavaleiros Templários tinham acumulado ao longo dos últimos dois séculos. A sua magnificência era tal que só o Papa, na época Clemente V, podia ter mão sobre a Ordem. Por isso, Filipe IV usou do seu poder de persuasão e tentou convencer o Papa a acusar a Ordem de crimes de heresia, imoralidade e sodomia.
Não foi fácil, porque Clemente V sabia que a sua aliança com os Templários era útil para manter uma presença militar bem vincada na Palestina. No entanto, não foi capaz de travar o plano do rei porque os boatos que circulavam sobre os templários já começavam a denegrir a imagem da própria Igreja: se continuasse a defender a Ordem, também a sua boa imagem seria arrastada pela lama. O rei francês planejou então acusar os cavaleiros, todos eles impedidos de casar para respeitar as regras da organização, de manter relações sexuais homossexuais entre eles, uma acusação particularmente humilhante no século XIV. Nenhuma destas acusações era suportada por fatos. O único dado concreto é que a coroa francesa precisava do dinheiro da Ordem, a quem já havia recorrido para empréstimos. Mas Filipe IV sabia que, com o poder e prestígio que os Templários tinham conquistado, só a morte os arruinaria. A última gota d’água para o rei foi quando Tiago de Molay, último grão-mestre dos Templários, pediu ao Papa para perceber o que se passava para que tantos boatos corressem sobre os seus cavaleiros. O Papa acedeu ao pedido de Molay, mas avisou o rei, que bateu punho e, aconselhado pelo ministro Guillermo de Nogaret, enviou em agosto uma carta a todo o reino com instruções claras para que só fosse aberta na noite de 12 de outubro de 1307.
O Castigo Eterno
Toda a gente seguiu as ordens do rei. Na noite marcada, Tiago de Molay foi capturado juntamente com a maior parte dos templários. Todos os bens foram confiscados pela Inquisição. De madrugada, já Filipe IV de França tinha emitido um comunicado onde sugeria que o papa Clemente V concordava com a morte dos Templários. Enfurecido, o Papa enviou dois cardeais para repreender o rei.
Vieram de lá com um negócio: a Igreja ficava com parte dos bens dos Templários, mas o rei podia escolher a forma de julgar os cavaleiros. Escolheu então condená-los de acordo com o direito canônico, o mais pesado. Não sabia que estava a cavar a própria sepultura. Os Templários foram sujeitos às mais cruéis formas de tortura, alguns ficaram em prisão perpétua e outros foram queimados na fogueira, um castigo normalmente aplicado às bruxas. Um dos Templários condenados à morte por fogo foi o próprio Tiago de Molay. Perante o rei e todas as tropas do reino que tinham conduzido a Ordem dos Templários à morte, Molay lançou uma maldição mortífera:
Deus sabe que nos trouxe para o limiar da morte com grande injustiça. Em breve virá uma enorme calamidade para aqueles que nos condenaram sem respeitar a verdadeira justiça. Deus vai retaliar a nossa morte. Vou perecer com essa garantia.
As palavras proferidas por Molay no leito da sua morte ecoaram pelo reino durante um ano. E concretizaram-se. O rei Felipe IV morreu com um derrame cerebral e, pouco depois, também o papa Clemente V sucumbiu. O povo levou a sério a ameaça de Molay e, a partir daquele dia, qualquer Sexta-feira 13 era vista com receio: o azar podia bater à porta de qualquer um nesse dia. O medo foi ainda mais instigado já no século XX com o lançamento do livro “Sexta-Feira 13” por Nathaniel Lachenmeyer, que argumenta que a Sexta-feira era um dia pouco afortunado e que o número 13 estava cheio de fantasmas. [...] (observador.pt)
24.08.2018 – Aportei, por volta das duas da manhã, no Aeroporto Internacional de Boa Vista ‒ Atlas Brasil Cantanhede e, logo depois fui conduzido à casa de Apoio dos Oficiais no aquartelamento do 6° BEC.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] PIRF (Posto de integração rádio-fio): posto rádio ligado ao sistema telefônico, permitindo que qualquer integrante da rede-rádio pudesse ligar-se a qualquer assinante do sistema telefônico. (Hiram Reis)
[2] A lesão ocorreu em minha residência, Porto Alegre, antes mesmo de partir para Roraima, ao trocar uma lâmpada. (Hiram Reis)
[3] Fatos: vestuários. (Hiram Reis)
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H