Segunda-feira, 2 de janeiro de 2023 - 07h07
Bagé, 02.01.2023
Correio
Braziliense n°18.185
Brasília, DF ‒ Sábado, 09.03.2013
Nicolás
Maduro Assume
Como Presidente Interino.
Supremo Rejeita Apelo da Oposição
e Avaliza Candidatura
Posse sob Contestação
[Gabriela Freire Valente]
Logo após ser empossado presidente interino na Assembleia
Nacional, no início da noite, Nicolás Maduro oficializou a convocação da
eleição que definirá o sucessor de Hugo Chávez, em abril. O Tribunal Superior
de Justiça [STJ] da Venezuela concluiu que não há impedimentos legais para que
Maduro se candidate, embora a oposição o considere inelegível.
Henrique Capriles, Governador do Estado de Miranda e provável
candidato da coalizão antichavista, classificou como “fraude constitucional” a sentença do STJ. “Nicolás, ninguém te elegeu, o povo não votou em você”, disparou o
líder da oposição, em rede nacional. Maduro nomeou, como seu vice, o ministro
de Ciência e Tecnologia, Jorge Arreaza, genro de Chávez.
Os sete juízes que compõem a
Sala Constitucional do STJ entenderam que o vice escolhido por Chávez em 2012
deixou esse posto assim que foi empossado como substituto interino. “O Conselho Nacional Eleitoral [CNE] pode
admitir a postulação do presidente encarregado para que participe do próximo
processo de eleição, por não estar compreendido com as incompatibilidades
previstas no artigo 229 da Constituição”, diz a decisão.
Em entrevista ao jornal “El Universal”, a Deputada opositora
Maria Corina Machado afirmou que a sentença é “uma provocação a todos os venezuelanos e contrária aos interesses do
país”.
Thiago Gehre Galvão, professor
de relações internacionais da Universidade de Brasília [UnB], discorda que o
pronunciamento do TSJ fira a norma constitucional venezuelana. “Há uma disputa pela interpretação da lei”.
“O que a oposição quer é dificultar a corrida eleitoral e deslegitimar
Maduro perante a sociedade”, avaliou Galvão. Segundo o estudioso, cabe ao
STJ delimitar a interpretação da legislação.
George Ciccariello-Maher,
professor da Universidade de Drexel [na Filadélfia] e autor do livro “We created Chávez: A people’s history of the
venezuelan revo-lution” [Nós criamos Chávez: uma história popular da
revolução venezuelana], salienta que a estratégia antichavista é “encontrar qualquer argumento para questionar
o governo”, na tentativa de batê-lo nas urnas. “Infelizmente para eles, voltar ao poder é uma questão de política, e
não técnica, e esse tipo de argumento os fazem parecer cada vez mais
oportunistas”, opinou Maher.
O coro dos
opositores venezuelanos ganhou o reforço presidente do Paraguai, Federico
Franco, ele próprio questionado por Chávez e por outros presidentes
sul-americanos ‒ Franco substituiu Fernando Lugo, cujo impeachment levou à
suspensão do Paraguai no MERCOSUL, abrindo caminho para o ingresso da Venezuela
como membro pleno. “Até em uma monarquia se sabe quem vai suceder o rei. Na Venezuela, o novo presidente é uma pessoa que não foi eleita”,
ironizou.
Ameaça de Boicote
A revolta dos opositores foi
alimentada pelo anúncio de que a posse de Maduro seria realizada na sede da
Academia Militar. Depois de deputados da coalizão antichavista “Mesa da Unidade Democrática” [MUD]
ameaçarem não comparecer à sessão, o presidente da Assembleia Nacional,
Diosdado Cabello, informou que evento aconteceria na sede do Parlamento.
A oposição venezuelana
questiona as relações entre governo e Forças Armadas, mais ainda depois que o
Ministro da Defesa, Diego Molero Bellavia, ofereceu a garantia do Exército para
a eleição de Maduro. “Por quê
nós [o Legislativo] temos de ser tutelados pelos
militares e ir a uma sessão em um centro militar?”, questionou o
Deputado Ángel Medina.
Três Datas em Estudo
O Conselho Nacional Eleitoral
[CNE] informou ontem que tem capacidade técnica para realizar a eleição
presidencial a partir de 14 de abril.
Segundo o jornal “El Nacional”, o CNE iniciou consultas
com todos os Órgãos envolvidos na organização do pleito para que examinem a
viabilidade de três datas propostas inicialmente: os domingos 14,21 e 28 de
abril A autoridade eleitoral aguarda a resposta para anunciar o cronograma
definitivo do processo. (CORREIO BRAZILIENSE, N° 18.185)
Correio Braziliense n°18.223
Brasília, DF ‒ Terça-Feira, 16.04.2013
Brasil
S/A
Chavismo
em causa
[Antônio Machado]
A apertada vitória do escolhido por Hugo Chávez para
sucedê-lo na presidência da Venezuela prenuncia tempos instáveis para a chamada
“revolução bolivariana”, que transpassa
as fronteiras venezuelanas, e acende a luz amarela para os governos assentados
em programas de transferência de renda, sobretudo na América latina,
subestimando a inflação, o investimento e outras metas sociais, como a
segurança. A Venezuela, depois de 14 anos de chavismo, exibe evidentes avanços
sociais. O número de pobres diminuiu 44% e a pobreza absoluta, 48%. A renda per
capita cresceu 2,5% ao ano de 2004 a 2012.
O desemprego era de 14,5%
quando ele assumiu pela primeira vez, em 1999. Estava reduzido a 8%, depois de
se reeleger por três vezes, a última em outubro de 2012. Chávez voltou logo
depois a Havana para se tratar de um câncer na região pélvica, retornando para
morrer aos 58 anos.
A receita do petróleo,
especialmente depois do fracassado golpe de estado para depô-lo 2002, bancou
toda a transformação social em um país que tinha uma das rendas mais
concentradas do mundo.
Chávez fez a diferença ao
aplicar a renda da PDVSA, a estatal petrolífera, nas “misiones”, o nome dos programas sociais do chavismo.
Não houve, no entanto, o mesmo empenho transformador da
PDVSA nem dos setores essenciais para o desenvolvimento de qualquer nação, a
indústria e a agropecuária, ambas historicamente frágeis devido às facilidades
da renda do petróleo para pagar as importações do que se fizesse necessário ‒
do leite em pó a canos comprados em Miami, destino de boa parte da riqueza do
país mesmo depois do chavismo.
O aumento do emprego foi todo
ele no setor público, até por causa da
estagnação das maiores empresas e de confiscos e controles de preços que
desarticularam o setor privado.
A PDVA, num país dono da primeira ou da segunda maior
reserva provada de petróleo do mundo, foi perdendo sua capacitação à medida que
se transformava numa agência social e de política externa [enviando a preço
módico, ou nem isso, petróleo a Cuba, por exemplo]. Chávez assumiu como barril
valendo US$ 10. Foi a US$100 em seus 14 anos, enquanto a produção da PDVA
desabou de 3,5 milhões de barris/dia para 2,5 milhões.
Maduro sem Indulgência
Vitória Magra
do Sucessor de Chávez Sugere que só Políticas Sociais não Asseguram a Hegemonia
Com a PDVSA [responsável por
96% das exportações, 50% da receita de impostos e 30% do PIB] exaurida e o
resto da economia em crise, o vice-presidente Maduro, eleito com diferença
minúscula em relação à votação do opositor Henrique Capriles pelos 14,8 milhões
de venezuelanos que se dispuseram a votar [78% do eleitorado, o que é muito
num país sem voto obrigatório], não teve a Indulgência que os eleitores,
sobretudo os mais pobres, dedicavam a Chávez.
Sem
o caixa da PDVSA [que passou até a importar
gasolina dos EUA, seu maior cliente, além de inimigo figadal de
Chávez, em especial depois de o presidente George W. Bush reconhecer o
governo golpista de 2002], sem previsão de o petróleo disparar num mundo em
crise, com os americanos tendendo à autonomia energética, a Venezuela era um
problema à procura de solução com o “comandante”
O eleitor se dividiu entre Maduro e Capriles, que não reconheceu a derrota.
Capriles Comeu por Fora
Ainda se vai avaliar melhor a
expansão de Capriles, não prevista pelos institutos de pesquisas, em relação à
sua derrota em outubro para Chávez [por 54,4% dos votos a 44,9%]. As próprias
lideranças do chavismo manifestaram surpresa.
“Os resultados nos obrigam a fazer uma profunda autocrítica”,
divulgou em seu “Twitter” o
presidente da Assembleia Nacional, Diosdato Cabello, um chavista tido como
rival de Maduro.
“É contraditório que os setores mais pobres da população votem em seus
exploradores de longa data”. Essa é a grande questão. As respostas não
estão, provavelmente, na desconfiança quanto aos objetivos sociais do partido
chavista, mas em sua competência para enfrentar a violência urbana e retomar
não tão bem o crescimento, que no ano passado foi de 5,6% [contra 0,9% no
Brasil], mas em fazê-lo numa situação de normalidade. A inflação chegou a 20,1%
no índice oficial em 2012. Em fevereiro, o governo desvalorizou o bolívar em
32%, mas US$ 1 no câmbio oficial vale 6,30 bolívares, contra 20 no mercado
paralelo. O desabastecimento é outra constante.
A PDVSA Está Exaurida
Capriles se tomou personagem em
meio à hegemonia chavista por ter captado as apreensões sociais, sem ameaçar
as “misiones”. E expressou os riscos,
ao mostrar uma PDVSA que embarca 450 mil barris/dia de petróleo subsidiado a
Cuba, Nicarágua e países do Caribe: envia 600 mil à China para pagar uma dívida
já gasta; consome 700 mil barris no mercado doméstico, parte refinada nos EUA e
vendida na Venezuela pelo equivalente a R$ 0,03 o litro. Não estranha que
relute aportar sua parte na refinaria que a Petrobras constrói em Pernambuco.
Potencial de Incertezas
A vitória estreita do chavismo, além de contestada pela
oposição, tem potencial desestabilizador. O governo de Barak Obama deu apoio
ao pleito de Capriles para a recontagem dos votos. Vladimir Putin, presidente
da Rússia, aliado de Chávez, saudou a eleição de Maduro. O ex-presidente Lula chegou a gravar um
vídeo usado pela campanha de Maduro,
mas o governo Dilma Rousseff, formalmente, guardou uma
distância diplomática da eleição, embora
fizesse saber pelos canais apropriados a
sua preferência. Tudo isso é minueto
político sem ter a importância sobre o que levou à clivagem ([1]) do
eleitor venezuelano.
Na morte de Chávez, foi à comoção, ocupando as ruas de
Caracas com manifestação de profundo respeito. Mas não avalizou, como esperado,
o sucessor que escolhera para seguir sua obra, ou “revolução”, como preferia. O mistério da Venezuela tende a ser a
grande questão nas várias eleições programadas a curto e médio prazo em seus
vizinhos. (CORREIO BRAZILIENSE, N° 18.223)
CORREIO BRAZILIENSE, N° 18.185. Posse sob Contestação – Brasil –
Brasília, DF – Correio Braziliense n°18.185, 09.03.2013.
CORREIO BRAZILIENSE, N° 18.222. Nicolás Maduro Enfrenta o Desafio de
Suceder Chávez – Brasil – Brasília, DF – Correio Braziliense n°18.222,
15.04.2013.
Solicito Publicação
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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