Quarta-feira, 28 de dezembro de 2022 - 06h20
Bagé, 28.12.2022
De manhã cedo apresentei-me
ao Comandante do 6° BEC Ten Cel Eng Vandir Pereira Soares Júnior e ao Maj Eng
Jefferson Fidélis Alves da Silva – SCmt do 6° BEC que, imediatamente,
hipotecaram total apoio à expedição. O “Argo
I”, que tinha sofrido algumas avarias no transporte de Santarém (PA) para
Rio Branco (AC) e na Descida do Rio Acre, tinha sido totalmente restaurado ‒
mais uma vez a cortesia azul turquesa se manifestava estampada no próprio casco
do Argo I.
Nos primeiros dias fiquei
acomodado na casa de Apoio dos Oficiais e depois fui transferido, a pedido, para
a dos Sargentos. Embora as duas instalações fossem igualmente muito
confortáveis e higiênicas eu, sinceramente, me senti mais à vontade na dos
sargentos, mais ampla, dotada de amplos jardins e uma fauna exótica [Iguana
iguana) bastante numerosa.
6°
Batalhão de Engenharia de Construção
(Seção de Comunicação do 6° BEC)
No final da década de 60,
dentro do contexto das ações estratégicas do Governo Federal de ocupar e povoar
a Região Amazônica, e diante das tensões existentes ao longo da faixa da
fronteira com a República da Guiana, o Governo Federal por meio do Decreto
Presidencial no 63.184, de 27.08.1968, criou o 6° Batalhão de Engenharia de
Construção, que teve como núcleo base a 1ª Companhia Especial de Engenharia de
Construção, criada em 1967 e instalada no dia 09.08.1968 em Manaus-AM, data
pela qual foi justamente escolhida e reconhecida como o nascimento oficial do
6° BEC.
Nos
primeiros dias de 1969, após o Decreto Presidencial que designou a
transferência e implantação oficial da sede do 6° BEC, de Manaus-AM para Boa
Vista, RR, o Batalhão sob Comando do Tenente Coronel Ney Oliveira de Aquino,
primeiro Comandante desta Unidade, e utilizando-se dos meios de deslocamentos
aéreos e fluviais existentes na época, os primeiros militares do Batalhão
chegam a esta guarnição e montam acampamento no bairro Mecejana. Iniciando
assim os preparativos que culminaram na instalação oficial e provisória do
Comando do 6° BEC, na antiga sede da Guarda Territorial, localizada na Avenida
Capitão Ene Garcez ([1]), em março
daquele mesmo ano.
Nos
primórdios da década de 70, em cumprimento ao seu propósito de criação, a
Unidade enfrentou aquela que seria considerada a
mais bela batalha e o maior desafio de sua história, empregando todos os seus meios disponíveis
na construção da BR-174 e da BR-401.
Em uma epopeia de 7 anos e alguns meses, que apesar da inconsolável e heroica
perda de quatro militares e vinte e oito servidores civis, tombados em serviço
durante a execução desta missão, consolidou em abril de 1977 a integração de
Roraima com o restante do País, por meio da construção, conservação e
manutenção de 971 Km de estradas, que proporcionaram a ligação terrestre entre
Manaus-AM e o município de Pacaraima, RR [fronteira com a República da
Venezuela].
Tais
feitos e conquistas são cultuados no espírito garrido de cada integrante desta
Organização, além de sua eternização ter sido definitivamente marcada no
terreno com a construção do Monumento da Linha do Equador, localizado às
margens da BR-174, no distrito de Nova Colina, região de Rorainópolis, RR.
Ainda no
final da década de 70, o Batalhão concluiu a implantação, construção e
conservação definitiva de aproximados 226 Km de estradas, ligando Boa Vista, RR
aos municípios de Normandia, RR e Bonfim, RR [fronteira com a República da
Guiana].
Ainda
neste período, atuando de maneira imensurável dentro do contexto de grande
desenvolvimento vivido pelo antigo Território de Roraima em consequência dos
feitos deste Batalhão, o 6° BEC construiu e transferiu sua sede para as suas
atuais instalações.
Realizou
a construção de instalações e casas para o Instituto de Previdência e
Assistência dos Servidores do Estado [IPASA] e a Empresa Brasileira de
Telecomunicações [EMBRATEL], realizou a construção das instalações do 2°
Batalhão Especial de Fronteira, atual 7° BIS, do 1° Pelotão Especial de
Fronteira – PEF de Bonfim, do 2° Pelotão Especial de Fronteira – PEF de
Normandia, RR, do 3° Pelotão Especial de Fronteira – PEF de Pacaraima,
construção do Hotel de trânsito da Guarnição, do Clube de Oficiais de Boa Vista
[COB], onde destaca-se a construção do 1° Ginásio de esportes da região, atual
ginásio do COB, construção do Grêmio Recreativo de Subtenentes e Sargentos
[GRESSB], do Grêmio Recreativo de Cabos e Soldados [GRECAS], além da construção
de um pavilhão e alojamento para a Polícia Militar do antigo território.
Na década de 80, o 6° BEC continuou seus feitos
em apoio ao desenvolvimento Regional, atuando massivamente na construção de
pontes, bueiros e pavimentação da BR-174 e da BR-401, realização de serviços de
Engenharia na construção e implantação da antiga Base Aérea de Boa Vista
[BABV], atual ALA 7, execução do asfaltamento das principais ruas e avenidas da
cidade, além das melhorias nas instalações de sua sede e das Organizações e
Instituições militares já implementadas na Guarnição.
Nos anos
90, o Batalhão atuou na construção das instalações da 1ª Brigada de Infantaria
de Selva, do 32° Pelotão de Polícia do Exército, do 1° Pelotão de Comunicações
de Selva, do Posto Médico da Guarnição de Boa Vista e a Terraplenagem da área
da 1ª Base Logística de Selva, atual 1° Batalhão Logístico de Selva, realizou a
construção do Estande de Tiro da Guarnição e de diversos Próprios Nacionais
Residenciais [PNR] das Vilas Militares de Oficiais, Subtenentes e Sargentos
da Guarnição. Além da construção do muro de arrimo e de parte das
infraestruturas do 1° Esquadrão do 2° Grupo de Aviação do Exército, atual 4°
Batalhão de Aviação do Exército, com sede em Manaus-AM.
Salienta-se que, neste
período, como forma de reconhecimento pelo papel desempenhado pelo 6° BEC na
integração Brasil-Venezuela, o Batalhão recebeu, em 21 de janeiro de 1994, a
denominação histórica de “Batalhão Simón
Bolívar”, reverenciando o nome do insigne libertador da Venezuela e demais
países da América do Sul, fato pelo qual, ocasionou na intensificação dos laços
com o país vizinho em consequência dos nobres feitos por este Batalhão.
Na
primeira década do século atual, o Batalhão atuou largamente nos Estados do
Amazonas e Roraima, com diversos tipos de obras e operações, das quais citamos
a construção do campo de pouso de São Luís do Anauá, RR; ampliação do aeródromo
de Pacaraima, RR; execução de obras de infraestrutura no Terminal Hidroviário
Intermodal de Camanaus, em São Gabriel da Cachoeira-AM; construção das
instalações do 6° Pelotão Especial de Fronteira – PEF de Uiramutã; serviços de
recuperação de estradas vicinais no Estado de Roraima, com ênfase na construção
de bueiros, manutenção de estradas e reforma de pontes na RR-171 e RR-319 na
região de Uiramutã, RR; recuperação e manutenção da estrada Puraquequara, nas
bases de instrução do Centro de Instrução de Guerra na Selva em Manaus-AM;
pavimentação de ruas de diversas instituições do Estado de Roraima, tais como
EMBRAPA, SENAI, Polícia Militar e Organizações Militares da 1ª Bda Inf Sl;
execução de serviços de Engenharia na Expansão e Manutenção da Infraestrutura
do Distrito Agropecuário de Manaus, AM; Serviços de terraplenagem,
encabeçamento de pontes, construção de obras de arte de drenagem e pavimentação
na BR-319, Região de Careiro-Castanho, AM e Beruri, AM; serviços de Engenharia
em apoio à BOVESA na expansão da eletrificação rural em Roraima; construção do
pátio e melhoria das instalações da Receita Federal em Pacaraima, RR; e
execução dos encabeçamentos da Ponte sobre o Rio Tacutu, fronteira com a
República da Guiana, além dos serviços de construção e implantação da inversão
de mão da cidade de Lethén, também na Guiana.
Nos
últimos anos, este Batalhão continuou prestando os mais variados serviços de
Engenharia em prol do desenvolvimento da Amazônia quer seja com o lançamento de
ponte tipo Bailey, para o restabelecimento do tráfego na BR-174, no município
de Presidente Figueiredo, AM, ou para reestabelecimento do tráfego de veículos
no Bairro Tarumã e Ponta Negra, na cidade de Manaus, AM; na execução de
serviços de conservação, manutenção e lançamento de microrrevestimento
asfáltico em toda a extensão da BR-401, entre Boa Vista, RR e Bonfim, RR; ou na
construção de uma ponte de madeira semipermanente com mais de cem metros de
extensão em apoio ao 4° PEF de Estirão do Equador, na fronteira do Amazonas com
o Peru.
Nos dias de hoje, por meio
das obras e operações atuais, os militares e servidores civis deste Batalhão
continuam escrevendo dia a dia a história de glória e sucesso desta nobre OM,
estamos trabalhando na execução dos serviços de terraplenagem, drenagem e
pavimentação asfáltica de aproximadamente 13 Km da BR-432, na região do
município do Cantá, RR; recuperação da rede mínima de estradas das bases de
instrução do Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus, AM; nos
serviços de implantação da rede de esgoto, drenagem fluvial, terraplenagem e
asfaltamento da Vila Militar da Guarnição de Tabatinga, AM; execução de
serviços de Engenharia no melhoramento da estrada de acesso do 4° PEF à
Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), em Estirão do Equador, AM;
execução de trabalhos da Operação Acolhida de construção dos abrigos e bases
utilizados pela Força-Tarefa Logística Humanitária na recepção e acolhimento de
pessoas em situações vulneráveis advindas da Venezuela, com atuação em
Pacaraima, RR e principalmente na cidade de Boa Vista, RR; nas ampliações,
reformas e construção das instalações atuais, como a construção do novo setor
de aprovisionamento do 6° BEC; entre outros.
Onde por fim, destacamos a
fase final do planejamento e preparação para a perfuração de poços artesianos
no território da República Cooperativa da Guiana, prevista para ocorrer nos
meses de outubro e novembro do corrente ano. O Batalhão Simón Bolívar
orgulha-se de ter prestado relevantes serviços ao Estado do Amazonas e Estado
de Roraima.
Sua presença tem sido
relevante em todo o período de sua história nesta região, não só nas tarefas
básicas da Engenharia, mas nas obras de cooperação com o Governo Estadual,
Prefeituras Municipais e demais Órgãos Públicos, no apoio à construção de prédios,
vilas, casas, estradas, pontes, obras de saneamento, asfaltamento de estradas,
ruas, avenidas, edificações, perfuração de poços e quaisquer tipos de missões
que lhe têm sido confiadas.
Sem nenhuma veleidade, podemos afirmar que o 6°
BEC está intrinsecamente ligado ao progresso e desenvolvimento desta região.
Passados cinquenta anos, a história do Batalhão
continua a ser escrita com dedicação, sacrifício e, acima de tudo, com a fé
inabalável de que continuamos lutando “a
mais bela batalha do mundo”.
6° BEC, 50 anos de Pioneirismo
por uma Amazônia mais Forte!
Folha de
Boa Vista ‒ Boa Vista, RR
Quarta-Feira,
08.08.2018
6° BEC
Comemora Meio Século
[Folha Web]
Batalhão
foi Criado Especialmente para a Construção de Obras que Ajudaram no
Desenvolvimento de Roraima,
como a BR-174
Ainda no final da década de 1960, o estado de
Roraima estava isolado do restante do Brasil, assim como dos países vizinhos,
Venezuela e Guiana. Para reforçar a segurança nas fronteiras e também permitir
o desenvolvimento do estado, o Governo Federal criou o Decreto n° 63.184/68 que
determinava a criação do 6° Batalhão de Engenharia de Construção [6° BEC], onde
foi posteriormente instalado no dia 9 de agosto, em Manaus.
Em 1969, a sede oficial foi
transferida para Boa Vista, onde está localizada até hoje, 50 anos depois, na
Avenida Capitão Ene Garcez.
Em seu propósito de criação,
o Batalhão construiu a BR-174, para integrar Roraima com o Amazonas por terra.
Foram sete anos para a conclusão de 941 quilômetros de estradas, ligando a
capital amazonense ao município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
[...]
De acordo com o comandante
Ten Cel Eng Vandir Pereira Soares Júnior, depois que o Batalhão terminou a
missão, que incluiu também a construção de 226 quilômetros de estrada ligando
Boa Vista aos municípios de Normandia e Bonfim para interligar o país da
Guiana, não houve mais o envolvimento em grandes obras na região justamente
porque, com as estradas, o desenvolvimento esperado chegou a Roraima. Afirmou:
O Batalhão foi uma grande ferramenta para conseguir
a infraestrutura necessária que tem hoje. Aqui era uma área isolada e não tinha
nada. Então o Batalhão fez toda essa ligação para que o estado se tornasse o
que é hoje. Graças a esse trabalho não é necessário o Batalhão se envolver em
obras tão grandiosas como naquela época. Já cumpriu sua finalidade.
No entanto, o 6° BEC cumpre
missões de obras que são determinadas pelo Exército para garantir os serviços
de engenharia, então acabam dando apoio em trabalhos realizados na BR-432,
construção da ponte do Rio Tacutu, auxílio na construção de quartéis e outros.
Completou:
A nossa grande missão é formar mão de obra, nos
manter capacitados. Para isso, a gente precisa executar obra, não tem como
aprender engenharia só nos bancos escolares, é preciso ir para o terreno,
manter o nível de capacitação necessário para a nossa missão dentro do Exército.
CAPACITAÇÃO – Segundo o
comandante, o Batalhão tem formado em torno de 200 profissionais em diversas
áreas. Engenheiros civis são contratados temporariamente para ganharem
experiência e permanecem até oito anos no Batalhão. O comandante garante que a
capacitação é fundamental para melhoria nas habilidades. Dentro da corporação
militar, existem também treinamentos para carpinteiros e motoristas. Destacou:
Nesse tempo, eles ganham experiência que
dificilmente ganhariam se estivessem fora. Então eles vão ganhar experiência em
obras verticais, viárias, de saneamento. São várias áreas úteis para o mercado
da região.
ALISTAMENTO – Atualmente,
780 militares atuam no 6° BEC através do alistamento obrigatório, que acontece
anualmente, ou em uma seleção feita pela 12ª RM, em Manaus, por meio de
processo seletivo. O 6° BEC também conta com 10 estagiários, alunos da
Universidade Federal de Roraima [UFRR] trabalhando na área de engenharia.
Finalizou:
Procuramos fazer convênios com setores do Governo
Federal, principalmente o DNIT. Estamos com o termo de execução direta para
trabalhar no trecho da BR-432, próximo do Cantá. As outras obras do Batalhão
são de interesses do Exército e com o Ministério da Defesa na Operação
Acolhida, que é em Pacaraima e em Boa Vista, com a função de infraestrutura dos
abrigos. [A.P.L]
(FBV, 2018)
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Foi o 1°
Governador do Território Federal do Rio Branco, nomeado pelo Presidente Getúlio
D. Vargas, em 21.09.1943. (Hiram Reis)
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H