Quarta-feira, 4 de janeiro de 2023 - 06h10
Bagé, 04.01.2023
Correio
Braziliense n°18.531
Brasília, DF ‒ Quarta-Feira, 19.02.2014
Entrevista
Fernando Henrique Cardoso
Qualquer Ação externa Precisa ser Cautelosa
Em entrevista ao Correio, por
e-mail, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso confirmou que teve o nome
mencionado para uma possível comissão de investigação sobre abusos dos direitos
humanos na Venezuela.
Ele defendeu esforços de
apaziguamento entre a oposição e o governo de Nicolás Maduro e admitiu a
influência da crise econômica na convulsão social do país vizinho.
Como o Senhor Analisa o Pedido de Formação de uma Comissão Para Zelar
Pelos Direitos Humanos?
Além dos nomes citados [o dele
próprio, o de Óscar Arias, Ricardo Lagos e Ernesto Samper], Felipe González
[senador do México] foi indicado para, eventualmente, compor uma comissão.
Precisamos verificar se há disposição verdadeira de diálogo, tanto por parte do
conjunto dos líderes oposicionistas como do governo venezuelano. Em qualquer
caso, cabe um apelo pela pacificação do país e pela manutenção das regras
democráticas.
De que Forma o Senhor
Examina a Crise Política na Venezuela e a Decisão do MERCOSUL de dar Respaldo a
Maduro?
Não tenho suficientes informações para avaliar a
profundidade da crise política. Parece claro, isso sim, que há descontrole
econômico que gera instabilidade social e, eventualmente, política.
O Senhor Acredita que há Violações de Direitos Humanos e Atropelo das
Cláusulas Democráticas na Venezuela, Ante a Repressão Exercida Pelo Governo?
Pela leitura do noticiário,
parece que sim. Mas qualquer ação externa precisa ser cautelosa para não
agravar ainda mais uma situação já delicada.
Qual Seria a Saída Para a Crise Venezuelana, na Sua Opinião?
[...] De
qualquer maneira, é preciso um esforço de apaziguamento, de lado a lado, posto
que situações de força são estranhas às democracias. Assim como é importante
que as oposições se entendam quanto a métodos de luta e objetivos, no
pressuposto de que as regras estatuídas devem ser preservadas, desde que sejam
constitucionais e democráticas. (CORREIO BRAZILIENSE, N° 18.531)
Correio
Braziliense n°18.566
Brasília, DF ‒ Quarta-Feira, 26.03.2014
O presidente
Nicolás Maduro escolheu o momento da reunião com os chanceleres da União de
Nações Sul-Americanas que visitam a Venezuela, ontem, para anunciar a prisão,
na noite anterior, de três Generais acusados de planejar um golpe de Estado, em
conexão com setores da oposição civil.
Os
oficiais, que não tiveram os nomes divulgados, estão, segundo o presidente, em
uma prisão militar aguardando julgamento. A descoberta da suposta conspiração
coincide com os esforços do governo chavista para provar aos países vizinhos
que é vítima de um “golpe contínuo”,
promovido por “grupos fascistas da
extrema direita”.
“Capturamos três Generais da aviação que
vínhamos investigando, graças à poderosa moral de nossas Forças Armadas. Três
Generais que pretendiam se rebelar contra o governo legitimamente constituído”;
declarou Maduro aos chanceleres, entre eles o brasileiro, Luiz Alberto
Figueiredo. Segundo o presidente, os acusados mantinham “vínculos diretos com setores da oposição” e foram denunciados por
colegas, “alarmados” com a convocação
para que “pegassem em armas” contra o
governo.
Essa não é
a primeira vez que Maduro denuncia uma trama golpista, apesar de nunca ter sido
comprovada publicamente nenhuma tentativa de derrubá-lo. Até ontem, porém,
nenhum participante dos alegados complôs havia sido preso. A notícia das
detenções foi feita em um pronunciamento televisionado, durante a reunião com
os chanceleres da UNASUL.
Os
ministros iniciavam uma visita oficial de dois dias para avaliar a
instabilidade política no país e favorecer a abertura do diálogo. Desde o
início de fevereiro, grupos de oposição protagonizam intensas manifestações
contra Maduro.
Segundo o
Itamaraty, além de ter se encontrado com o presidente, a missão se reuniu com o
vice, Jorge Arreaza, e com o chanceler, Elías Jaua.
Também
estão previstos encontros com representantes da Conferência Nacional de Paz e
com organizações de direitos humanos. A imprensa venezuelana informou que uma
reunião com membros da oposição, não incluída na agenda prévia, era esperada
para a noite de ontem.
Repressão
Mais de 30 pessoas foram mortas
e centenas ficaram feridas durante manifestações contra e a favor do governo.
“Enfrentamos 16.270 atos violentos e ataques.
Trinta e cinco vítimas perderam a vida. Todas [as mortes] são responsabilidade
direta dessas manifestações”, afirmou ontem o presidente, que se disse
aberto ao diálogo e denunciou os protestos como uma “tentativa constante” de tirá-lo do poder, como aconteceu em 2002
com seu sucessor e mentor, Hugo Chávez.
Convite ao Congresso
A Comissão
de Relações Exteriores e de Defesa Nacional [CREDN] da Câmara dos Deputados
discute hoje a aprovação de um convite para que a Deputada venezuelana Maria
Carina Machado venha ao Brasil esclarecer, em audiência pública, “os eventos que levaram à perda de seu
mandato eletivo”.
No mês
passado, a comissão cobrou do governo brasileiro um posicionamento claro em
relação às denúncias de violação de direitos humanos no país vizinho ‒ que
exerce a presidência rotativa do MERCOSUL.
Paralelamente,
à repressão a opositores se intensificou no último mês, com a detenção de
políticos adversários e a cassação do mandato da Deputada anunciada na Segunda-feira
pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
Na semana
passada, a parlamentar participou de uma reunião da Organização dos Estados
Americanos [OEA], como representante alternativa do Panamá. A intenção de
Machado era fazer um pronunciamento criticando o governo, mas o plano foi
frustrado por uma articulação da diplomacia, que conseguiu derrubar da pauta o
debate sobre a crise venezuelana.
Machado, que
estava em Lima quando sua cassação foi anunciada, afirmou que voltará hoje para
Caracas. “Conheço os meus direitos. Sou
Deputada e tenho imunidade parlamentar”, disse ela.
Uma delegação de parlamentares
anunciou a abertura de um “recurso de
ação coletiva em apoio aos direitos dos cidadãos e das garantias constitucionais”,
na tentativa de reverter a destituição. A oposição reclama de problemas como
insegurança, escassez de produtos básicos e inflação galopante, e acusa o
governo de criar distrações para os problemas sociais.
“O salário
mínimo na Venezuela, hoje, é duas
vezes mais baixo que a média da América
Latina, depois de Cuba”, denunciou no Twitter o governador do estado de
Miranda, Henrique Capriles, um dos líderes da oposição, derrotado por Maduro na
disputa presidencial de 2013 por uma diferença na casa de 1% dos votos. (CORREIO
BRAZILIENSE N°18.566)
Bibliografia
CORREIO BRAZILIENSE, N° 18.531. Entrevista Fernando Henrique Cardoso –
Brasil – Brasília, DF – Correio Braziliense n°18.531, 19.02.2014.
CORREIO BRAZILIENSE, N°18.566. Maduro Anuncia Prisão de Generais Golpistas
‒ Brasil ‒Brasília, DF ‒ Correio Braziliense n°18.566, 26.03.2014.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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