Sexta-feira, 13 de janeiro de 2023 - 06h10
Bagé, 13.01.2023
Bonfim
O município tem uma área de 8.095,4 km² e uma
população de mais de 11.000 habitantes (densidade demográfica de aproximada de
1,4 habitantes por km²). Situa-se a uma altitude 79 m, nas seguintes
coordenadas geográficas 03°21’25” N e 59°49’60” O.
Gentílico: bonfinense.
História
O primeiro povoado surgiu ainda no século XIX, e
seu nome é uma homenagem à Nossa Senhora do Bonfim. Depois de vários ciclos
comerciais com a cidade de Lethem, na fronteira da República Cooperativista da
Guiana, a vila passou à condição de município.
Formação Administrativa
Elevado à categoria de
município com a denominação de Bonfim, pela Lei Federal n° 7.009, de
01.07.1982, desmembrado dos municípios de Boa Vista e Caracaraí. Sede no atual
Distrito de Bonfim [ex-Vila de Bomfim].
Constituído do Distrito sede. Instalado em 13.07.1982. Em divisão territorial datada de 1988, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2009. (www.cnm.org.br)
Dia 31 de agosto, por volta das 15h00, partimos para Bonfim rumo
Nordeste, pela BR-401, rodovia federal que liga Boa Vista à sede dos
municípios de Normandia e Bonfim, lindeiros à República Cooperativa da Guiana,
com um total de 185 km de extensão (Boa Vista-Normandia), também construída
pelo 6° BEC.
Levamos umas três horas percorrendo o excelente trecho de 125 km
até Bonfim. Todo o entorno da BR 401 é caracterizado por uma vegetação aberta
denominada “lavrado” que se estende
para a Guiana e Venezuela e é dotada de rica biodiversidade.
No 1° Pelotão Especial de Fronteira (1° PEF) fomos muito bem
recebidos pelo 1° Ten Inf Caio Baksys Pinto – Cmt do Pelotão, que nos instalou
confortavelmente nos alojamentos de sua Organização Militar. Chequei o caiaque
e as bagagens e depois fomos reconhecer o local da partida – a Ponte Prefeito
Olavo Brasil Filho, concluída pelo 6° BEC, em 31.07.2009.
Embora o 1° PEF fique às margens do Rio Tacutu, nos encontrávamos no final do
verão amazônico e as fotografias aéreas de que eu dispunha mostravam, na seca,
muitos bancos de areia até a ponte.
Era uma pequena distância até lá, de apenas 6 km, mas eu já
penara, por demais, no Rio Acre tendo de rebocar o caiaque inúmeras vezes nos
dois primeiros dias e não pretendia repetir aquela desastrosa e cansativa
experiência. Primeiro verificamos se do lado da Guiana existia um local
apropriado. Fizemos contato com um morador local, de origem indígena, que não
colocou nenhum obstáculo ao nosso propósito, mas lembrou de que o Posto da
Polícia Federal só permitia o tráfego a partir das 08h00.
Voltamos, então, nossa atenção para a Margem brasileira que
constatamos permitir um fácil acesso do caminhão até as proximidades da margem,
decidi então pela segunda opção.
Regressamos ao 1° PEF, para trocar de viatura e fazer uma breve
incursão à Guiana para adquirir mais algumas baterias (pilhas) para o
rastreador.
Até
a passagem da Ponte nenhuma novidade, mas logo adiante, a pouco mais de 200 m,
encontramos um raro exemplo de fronteira brasileira onde os motoristas
precisam mudar o sentido de circulação adotando a “mão inglesa”, esta alteração é realizada através de um viaduto.
A cidade de Lethem possui uma
população de uns 3.000 habitantes na sua sede municipal e aproximadamente
9.000 no município. Sua denominação é um preito ao antigo Governador da Guiana
Inglesa, Gordon James Lethem (1946/7), que realizou a demarcação dos limites
da então Guiana com o Brasil.
O governador trouxe consigo
policiais e operários da construção civil. Seus primeiros habitantes foram, na
sua maioria, de origem africana, e mais tarde, vieram os indígenas, os indianos
e chineses.
Os administradoras e funcionários
dos shoppings centers são, praticamente, na sua totalidade de origem chinesa e
prestam um atendimento de péssima qualidade o que me fez lembrar, mais uma
vez, de minha descida do Rio Acre quando tive a oportunidade de observar o
tratamento rude que os comerciantes bolivianos dispensavam a seus clientes.
Jantamos no 1°PEF, e logo após a
refeição o comandante do Pelotão fez questão de nos presentear com três Rações
Operacionais de Combate (R2). Mais uma vez a gentileza e camaradagem que tanto
caracterizam nossa instituição se fazia presente. Fomos, depois à cidade
degustar um sorvete, e nos recolhemos cedo, pois pretendia madrugar no dia
seguinte.
Batendo Água
(Luiz Marenco)
Meu poncho emponcha lonjuras batendo água
E as águas que eu trago nele eram pra mim
Asas de noite em meus ombros sobrando casa
Longe da casa ombreada a barro e capim.
Faz tempo que eu não emalo meu poncho inteiro
Nem abro as asas da noite pra um Sol de abril
Faz muitos dias que eu venho bancando o tino
Das quatro patas do zaino, pechando o frio.
Troca um compasso de orelha a cada pisada
No mesmo tranco da várzea que se encharcou
Topa nas abas sombreras, que em outros ventos
Guentaram as chuvas de agosto que Deus
mandou.
Meu zaino garrou da noite o céu escuro
E tudo o que a noite escuta é seu clarim
De patas batendo n’água depois da várzea
Freio e rosetas de esporas no mesmo trim.
Falta distância de pago e sobra cavalo
Na mesma ronda de campo que o céu deságua
Que tem um rumo de rancho prás quatro patas
Bota seu mundo na estrada batendo água!
Porque se a estrada me cobra, pago seu preço
E desabrigo o caminho prá o meu sustento
Mesmo que o mundo desabe num tempo feio
Sei o que as asas do poncho trazem por
dentro.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
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