Terça-feira, 20 de junho de 2017 - 15h23
Eram sete filhas, uma mãe e um pai; na verdade a casa era das sete filhas pois a mãe e o pai estavam sempre trabalhando fora. Como eram muitas, havia três gerações de filhas; entre as mais velhas existia certa cumplicidade: troca de vestidos, troca de batons, troca de esmaltes para as unhas, coisas assim. As do meio faziam tudo para imitar as mais velhas, e as menores contentavam-se em admirar-lhes os preparativos para as festas, um sonho!
Vestidos tomara-que-caia, meias de seda com costura na parte de trás e as joias, estas um capítulo à parte: pérolas no pescoço, brincos de ouro e pedras preciosas, anéis e pulseiras, enfim, pura magia! Por baixo dos belos vestidos, os corpetes e as combinações: rendadas, delicadas, bordadas... De tudo emanava um suave perfume de jasmim.
Quando as mais velhas chegavam das festas, as pequenas tratavam de acordar para vê-las desmanchar os penteados, descalçar os belos sapatos de saltos altíssimos, tirar as ligas que prendiam as meias de seda e ouvir-lhes os relatos e os comentários que trocavam entre si sobre a noite: seu contentamento ou decepções, namorados, quem dançou com quem, como eram os trajes de fulana e beltrana, coisas assim.
O tempo passou e a casa das oito mulheres ficou maior à medida que foram deixando a casa; até que restou apenas a matriarca, pois o pai se fora para outro plano. Um dia partiu a mãe. Ficaram vazios os cômodos. E as paredes até tornaram-se mais altas e sombrias. As filhas mais novas, que agora são idosas senhoras, quando visitam a casa ainda parecem ouvir risadas e soluços; algumas vezes, chega-lhes a impressão do burburinho de quando estavam todas juntas. E, entranhado nas velhas paredes, aquele inconfundível perfume de jasmim...
Quisera eu ser psicanalista… Poder desvendar os complexos meandros da mente, até onde a limitada capacidade humana alcança. Saber que há um acervo
Sou uma pessoa de sono difícil e sonhos perturbadores, custo a crer que não são realidade. Aliás, na madrugada, passei mal e precisei de atendimento
Quando eu era nova, o tempo não era um tema que eu considerasse instigante. Para mim bastava pensar que a vida é o que é, ou seja, tudo se modifica
Ela não era fumante, nunca foi, e se casou com meu pai, que fumava desde a meninice. Ela passava mal com o cheiro forte do cigarro impregnado nos le