Segunda-feira, 5 de setembro de 2016 - 15h53
Há alguns anos, sempre que eu pensava em pessoas consideradas santas pela Igreja Católica, vinham-me à mente seres cuja fé no divino fora inabalável e inquestionável até a morte, salvo a exceção que todos conhecem: São Tomé, aquele que precisava ver e tocar para crer. Felizmente o Papa Francisco mostrou ao mundo que pessoas que convivem com as contradições próprias de sua condição humana, e que não fazem disso um grande segredo, podem ser canonizadas: gostei muitíssimo da canonização de Madre Teresa de Calcutá. Durante décadas fui admiradora de sua luta pelos desvalidos do mundo; não necessariamente os pobres, mas sim os miseráveis, os desgraçados, aqueles a quem os hospitais do sistema público rejeitavam tamanho era o grau de vulnerabilidade e possibilidade de contaminação. Enfim, eram os condenados a morrer na sarjeta, nos cantos escuros das ruas mais fétidas da cidade, nas valas do mundo.
Nascida Anjeze Gonxhe Bojaxhiu, em Skopje, capital da atual República da Macedonia, e naturalizada indiana, adotou o nome de Teresa ao tornar-se religiosa. Assim, a jovem freira fora enviada a Calcutá, na Índia, onde se tornaria professora de meninas de classe social alta. Mas isso não duraria muito. Impactada com a dimensão da miséria da gente mais pobre, Teresa mudou-se para os bairros mais carentes de Calcutá. Em 1952, ao observar uma mulher agozinante, largada em um beco escuro e com os pés atacados por ratos, Teresa é tomada por profunda comoção e decide dedicar a vida a amparar os mais pobres entre os pobres. Começa ali sua longa e árdua batalha; funda a congregação religiosa Missionárias da Caridade, que contaria com a adesão de suas ex-alunas, e luta para conseguir a concessão de um antigo edifício a fim de abrigar seus doentes. Ao longo de seu trabalho, recebeu críticas impiedosas.
Teresa era uma mulher forte e tinha posições contundentes para acabar com a miséria no mundo; sua postura a favor do controle da natalidade e do uso de contraceptivos despertou a fúria de segmentos conservadores da Igreja. Mas o grande drama de Teresa era revelado a um amigo através de suas cartas: Em 1953, ela escreveu ao reverendo Michael van der Peet, seu confidente, abordando a dor que lhe causava a falta de fé em Deus, algo que lhe provocava torturas n’alma:” ... “Há uma escuridão terrível dentro de mim, como se tudo estivesse morto”. “Reze por mim, para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo”.
Assim era Madre Teresa de Calcutá, uma pessoa torturada por contradições humanas, como somos tantos de nós em várias fases da vida.
Viva o Papa Francisco, que, com sua extrema sensibilidade, enxergou a sacralidade na vida daquela mulher, uma santa verdadeira, a Santa da Sarjeta!
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