Sábado, 3 de março de 2012 - 21h46
Podem me chamar de mística, não me importo; assumo que este tema realmente mobiliza minha atenção. Acredito em espíritos, do mesmo modo que acredito em seres extraterrestres. Não sou fanática religiosa nem lunática; apenas considero que espíritos existem e que andam por aqui, independentemente de nossa crença ou descrença. São apenas energias que alguns consideram aterrorizantes, consideram como assombrações.
Claro que temos consciência dos mitos que envolvem a morte, fenômeno natural, ao longo de toda a existência humana no planeta; cada cultura manifesta de seu jeito peculiar o modo como a encara. O fato é que ela aterroriza, pois é a implacável e insuportável moira que vive à espreita.
Contextualizando o passado em dimensões de tempo e espaço, não consigo deixar de considerar a permanência entre nós daqueles que o povoaram; uma permanência que transpira da arquitetura remanescente, dos espaços urbanos compartilhados com as gerações subsequentes etc. É como se viventes de todas as épocas continuassem indo e vindo, ocultos por portais invisíveis que separam sucessivas dimensões de tempo.
Acho interessantes as experiências relativas à transcomunicação, sobretudo quando realizadas em locais onde ocorrem fenômenos paranormais. Algumas dessas experiências demonstram que vozes de outras dimensões podem ser captadas por um gravador, por exemplo; um sussurro aqui, uma frase ali, enfim, há indícios de que energias que viveram no passado continuam, de alguma forma, existindo e habitando os mesmos locais, porém em outras esferas.
Gosto de caminhar pela Rua do Ouvidor, no centro do Rio de Janeiro: uma rua estreitíssima que remonta aos áureos tempos da cidade. Noutro dia, enquanto caminhava por ali, fui invadida por uma forte e curiosa sensação: a impressão era a de que minha alma se transportara literalmente ao passado.
Aquela rua passou a se chamar Rua do Ouvidor, nos idos de 1870, mais ou menos, porque ali morou o ouvidor-mor da cidade, daí o nome conferido pela influência popular. Até o final do século XIX, era uma rua muito importante. Aliás, foi a primeira a receber iluminação elétrica no Rio, antes mesmo de ser proclamada a república; foi uma espécie de vitrine das novidades do velho mundo: jornais, livreiros e cafés suntuosos serviam de ponto de encontro aos intelectuais da época, e o grande Machado de Assis referiu-se a ela em vários de seus textos. Na Rua do Ouvidor foi fundada a Academia Brasileira de Letras.
Pode ser que a imersão de minha alma em contexto de tal relevância histórica tornara possível esse fenômeno; de repente, estava eu ali, uma viajante do tempo, contemplando a vida de outra época, como se estivesse folheando um álbum de fotografias em preto e branco: damas de saias longas, fitas e rendas, cinturas apertadas, luvas e chapéus antigos; cavalheiros elegantes em suas casacas austeras, vistosos relógios de algibeira e cartolas, tílburis que iam e vinham. E eu parada no passeio, alma do futuro, invisível aos olhos dos caminheiros do passado, tão ocupados a tratar da própria vida, como se isto pudesse eternizá-la.
Sob aquela perspectiva, a assombração era minha alma: será que a garotinha cacheada que passava no cenário antigo, segurando a mão do pai, percebera minha presença, ao contrário dos demais transeuntes? Por um instante, pareceu-me que sim.
Desse modo, seguimos... Cada um vivendo em seu próprio tempo, em seu próprio espaço neste planeta; um planetinha insignificante face à imensidão do universo: apenas em nossa galáxia, a Via Láctea, há cerca de 200 bilhões de sóis, e a maioria dos sistemas solares “abriga” um grande número de planetas. Além da nossa, há uma infinidade de outras galáxias, de sistemas solares e de planetas que os cientistas de nossa época ainda estão longe de contabilizar.
Diante disso tudo, como considerar absurda a ideia de vida em outros pontos do vasto Universo? Por que não considerar a existência de formas de vida mais evoluídas que a nossa, talvez já libertas da matéria densa (como a conhecemos), e invisíveis aos nossos olhos?
Excêntrica? Visionária? Pode ser... Mas continuo refletindo e tentando expandir a consciência para além do alcance de meu pequeno olhar, pois como dizia Guimarães Rosa: Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa...
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