Quarta-feira, 6 de agosto de 2014 - 00h01
As notícias sobre as sucessivas quedas de aviões nos últimos meses reportaram-me ao início de minha adolescência, quando passei a estudar em um colégio religioso, era o Instituto Maria Auxiliadora, em Porto Velho. Em minha numerosa família, ouvíamos preceitos de ordem moral, porém não religiosos; minha mãe cultivava em nós a crença em um ser superior, porém não passava disto: nada de citações bíblicas, aulas de catecismo, missas, cultos etc.
Um dia, durante a aula de religião no colégio, ouvimos da professora, uma freira salesiana chamada Irmã Julieta, a seguinte sentença: “Não cai uma folha de uma árvore, sem que Deus consinta”.
Aquela afirmação foi demasiadamente impactante para meu cérebro de 12 anos de idade, fiquei dias e noites remoendo a tal afirmação. Ora, se para que uma simples folhinha caísse da árvore, era imprescindível o consentimento divino, isso significava que Deus consentia que caísse um avião cheio de passageiros e tripulantes? Não! Não era admissível tamanha crueldade!
Assim, resolvi que precisava tirar a limpo essa história complicada; como a timidez excessiva me impedia de formular qualquer pergunta aos professores, levei a questão às minhas irmãs mais velhas e às amigas da vizinhança: as opiniões eram várias e me deixaram ainda mais confusa, iam desde castigo divino a destino de cada um.
Meio século depois, ponho-me a pensar na resposta que ouvi de meu pai que, com certo ar de melancolia, refletiu sobre a complexa questão:- Minha filha, não sabemos de nada! ...
E naquele tempo a humanidade não sabia ainda da imensidão do universo (se sabia, esse conhecimento não chegava ao lugar onde vivíamos), não sabia ainda que apenas na nossa galáxia, a Via Láctea, há cerca de 200 bilhões de sóis, e a maioria dos sistemas solares “abriga” um grande número de planetas. Há que se considerar também a infinidade de outras galáxias, de sistemas solares e de planetas que os cientistas ainda estão longe de contabilizar.
Volto, portanto à questão inicial, desta vez refletindo com mais propriedade e maturidade sobre Deus, sobre as folhas que caem das árvores e sobre terríveis desastres aéreos e terrestres. Chego à conclusão que ambos estavam certos, a professora de religião e meu pai. Acredito que existe, sim, uma lei maior que rege todo o universo. Porém, somos tão insignificantes e temos tanto a aprender sobre as grandes questões da existência que, como habitantes deste pequeno planeta, realmente ainda não sabemos de nada...
Quisera eu ser psicanalista… Poder desvendar os complexos meandros da mente, até onde a limitada capacidade humana alcança. Saber que há um acervo
Sou uma pessoa de sono difícil e sonhos perturbadores, custo a crer que não são realidade. Aliás, na madrugada, passei mal e precisei de atendimento
Quando eu era nova, o tempo não era um tema que eu considerasse instigante. Para mim bastava pensar que a vida é o que é, ou seja, tudo se modifica
Ela não era fumante, nunca foi, e se casou com meu pai, que fumava desde a meninice. Ela passava mal com o cheiro forte do cigarro impregnado nos le