Terça-feira, 30 de dezembro de 2014 - 09h29
Chegamos ao fim de mais um ano, e não há como deixar de refletir sobre uma grande característica humana: a esperança. E esta característica salta aos olhos sobretudo na virada do ano: há que se esperar por coisas boas, há que se esperar por milagres diversos, temas que vão desde o encontro de um grande amor (ou reencontro), à cura de uma enfermidade difícil, à aquisição de uma casa própria ou carro, à conquista do emprego ou do diploma sonhado, à recuperação de um filho problemático, à volta da filha ou filho amado que rompeu os laços familiares, enfim, à solução de inúmeros conflitos que constituem o universo humano.
Copacabana, nestes dias, é o cenário perfeito para as demonstrações de fé e esperança no ano vindouro: bancas de flores em cada esquina; afinal, é preciso ofertar, no mar, as palmas de santa rita à Iemanja, a fim de garantir a proteção de tão importante divindade; todas as vitrines das lojas são ornadas de branco e prata, pois é preciso vestir-se de branco para esperar a virada do ano, e o branco é a cor da paz , este estado que assegura ao espírito tranquilidade e confiança, sentimentos que todos precisamos para enfrentar o dia a dia.
À meia-noite, na praia, a explosão de fogos leva as pessoas às lágrimas, emoção pura numa expressão de celebração da vida: estou vivo, e o ano novo será melhor! E as pessoas se abraçam, gritam palavras de fé umas às outras, numa confraternização frenética e coletiva, algo que envolve centenas de milhares de pessoas.
Ponho-me a pensar que cá do meu canto sempre fui reservada com essa história de celebrar o ano novo. Realmente prefiro celebrar o fato de ter vivido o ano velho, já que este conheço bem, ao contrário do novo, pois não sei o que o futuro me reserva. Do ano velho, celebro o fato de estar viva e lúcida, cuidando da vida, cuidando de minhas pequenas-grandes incumbências do dia a dia.
Não costumo fazer promessas ou propósitos para o próximo ano, aliás, costumo sim refletir sobre o que passou. E nós brasileiros tivemos um ano movimentado: vivemos a euforia inicial de uma Copa do Mundo que terminou num fiasco (7X1), uma vergonha internacional; no campo político, depois de uma disputa acirradíssima, pontilhada por baixarias, o povo brasileiro resolveu manter o PT e o PMDB (afinal, há uma aliança) por mais quatro anos no poder; na área econômica, convivemos com o fantasma da inflação, aliás, mais concreta do que fantasmagórica, apesar dos discursos de negação, dissociados da realidade dos preços; no quesito corrupção, o povo brasileiro ainda não conseguiu assimilar a que ponto chegou este câncer que assola a política brasileira, tamanho é o número de dígitos dos números desviados dos cofres públicos para enriquecer políticos e empresários poderosos.
Fico a pensar na ingenuidade popular, na boa-fé de um eleitor, que vota cheio de esperança em alguém que vai embolsar o dinheiro do contribuinte, dinheiro destinado ao desenvolvimento do país, à melhoria da qualidade de vida no Brasil. Em Rondônia, mais um escândalo de corrupção envolvendo pessoas do alto escalão do governo. É uma praga arraigada no poder e na política. Agora sabemos para onde vai o dinheiro do contribuinte nos quatro cantos deste país: Viva o Ministério Público!
Apesar de ressabiada, também sou brasileira e também alimento meu quinhão de esperança. Que venha 2015 com novas energias sobre o mundo, sobre o Brasil, sobre Rondônia e sobre cada um de nós.
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