Sábado, 27 de agosto de 2011 - 10h20
Há pessoas que não gostam de animais. Aliás, há muitas. Algumas não conseguem permanecer em um ambiente, se houver um animal por perto. Várias dessas pessoas atribuem esse comportamento a um trauma de infância; outras assumem mesmo uma espécie de aversão ao animal, sobretudo o dito doméstico, cachorro ou gato.
Ao longo de minha vida, venho procurando compreender essas pessoas, já que não me resta outra coisa a fazer diante de tal atitude. Então observo, ouço, reflito. Afinal, precisamos conviver com as diferenças e respeitá-las. Não posso esperar que todos gostem tanto de animais como eu. Porém, exerço daqui meu direito de questionar: como não se comover diante de um ser cuja sobrevivência vive à mercê da caridade humana? Esse tema há que se admitir nos remete a uma lamentável constatação: pobre daquele que depende de comoção tão rara: a caridade humana.
A caridade humana é algo verdadeiramente complexo. Quando imbuídos desse sentimento tão nobre, somos impulsionados a auxiliar outro ser, aquele cuja situação nos comove, seja ele quem for humano ou animal. Porém, se manifestarmos nossa compaixão pelos animais, comumente ouvimos críticas: Com tanta criança passando fome!... Este é o discurso mais comum dos que criticam.
É claro que nos apiedamos também das crianças famintas do mundo e das outras tantas que vivem em lares desestruturados, sofrendo todo tipo de violência doméstica, ou em abrigos e orfanatos, privadas do carinho dos pais e entregues a um sistema que conhecemos muito bem. Do mesmo modo nos apiedamos dos velhos abandonados à própria desgraça, sem um olhar amoroso ou um abraço consolador, gestos importante para renovar-lhes as forças e a vontade de viver um dia de cada vez. Na lista de objetos de nossa compaixão, não podem faltar os hospitais e os presídios locais de terríveis dores. Enfim, o amor pelos animais não nos torna insensível ao sofrimento humano, esta não é a questão. A questão é a natureza mesma da humanidade, daquilo que nos faz humanos, algo que está além das características de nosso corpo físico, do que nosso cérebro é capaz de perceber. O ser humano é realmente melhor do que os animais em que pese sua essência?
Crescemos ouvindo que pertencemos a uma espécie superior aos outros animais, aliás, crescemos ouvindo que fomos criados à imagem e à semelhança de Deus. Ora, se cultivamos o hábito da reflexão ao longo da vida, quando chegamos à maturidade, seremos capazes de fazer nossa própria leitura do mundo, do planeta em que vivemos, e aí poderemos ou não desmitificar o homem e a sua natureza. Afinal, pertencemos ao mundo natural tanto quanto os outros animais, mas nos distanciamos dele a tal ponto que só nos lembramos disso quando morre alguém próximo: a morte nos traz à realidade. Temos uma inteligência mais desenvolvida, sim, mas isto não significa que os animais não possam ser dotados de sentimentos, apesar da prevalência do instinto em seu comportamento. Animais que convivem com humanos por longo tempo e recebem afeto demonstram alegria e tristeza; alguns adoecem e morrem quando são afastados das pessoas que os criaram. Há centenas de relatos dando conta dessa realidade, os mais frequentes são sobre cães, gatos e aves, animais comumente mais próximos aos seres humanos. Mesmo assim, os animais continuam sendo vítimas da crueldade humana.
Nas cidades grandes, como no Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, onde as instituições de proteção aos animais são fortes e atuantes, alguns casos de violência contra os animais costumam ser destacados nos jornais e até nas edições dos noticiários locais de televisão. Em nossa cidade, há que se ressaltar: a crueldade contra os animais é uma barbárie completamente banalizada. Sem a menor cerimônia, sem o mínimo sentimento de piedade, pessoas abandonam em matagais gatinhos recém-nascidos, eu mesma já recolhi alguns à beira da morte. Com os cães, o quadro ainda é pior, pois são em maior número. Já presenciei animais sendo agredidos com chutes, pauladas, água quente e pontapés, simplesmente porque, atraídos pelo odor de comida, farejavam por perto.
Dificilmente percorre-se o perímetro urbano de Porto Velho sem encontrar cães abandonados, vagando pelas ruas, sedentos e famintos, sob o sol causticante. Sem contar a grande quantidade de aves e de outros animais silvestres aprisionados para comércio. Considero isso inaceitável. Não tenho conhecimento de qualquer instituição de proteção aos animais na cidade. Se existe, que os leitores me perdoem a ignorância, mas passei longa temporada fora.
Se ainda não há uma instituição de proteção aos animais por aqui, é tempo de construí-la. Torcemos para que grandes empresários da região sensíveis à causa dos animais despertem para esta questão tão importante em uma sociedade civilizada e unam-se a segmentos que possam criar uma entidade protetora: uma instituição que acolha os animais abandonados, preparando-os para adoção; uma instituição que promova campanhas educativas à população nesse sentido.
Enquanto isso não ocorrer, continuaremos convivendo com a barbárie, com a selvageria para com os animais, com o triste destino que lhes é imposto pela plebe ignara e insensível: ou vagar pelas ruas sob o sol escaldante, com fome e sede, ou ser recolhido pelo poder municipal para morrer.
Que Deus tenha compaixão dos animais!
Fonte: Fonte: Sandra Castiel - sandracastiell@gmail.com
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