Sexta-feira, 14 de abril de 2017 - 16h35
Imagem colhida do Jornal Alto Madeira. Ano: 1951
A história do jornal Alto Madeira e a história de Porto Velho, capital do Território Federal do Guaporé se confundem...
Há alguns anos, precisei realizar uma pesquisa sobre a vida política e social do Território; minha intenção era ir além de personagens históricos, locais e datas: eu precisava rastrear no passado as pegadas dos pioneiros de Porto Velho, pessoas da geração de meus pais e que povoam minhas lembranças de infância: Como viviam essas pessoas? De onde vieram? Por que buscaram local tão remoto à época? Como costumava ser a vida política e social por aqui nos idos de 1940?
Evidentemente, há alguns livros de ótimos historiadores regionais que trazem à luz várias dessas questões; porém, não da mesma maneira que encontrei nas páginas amareladas do velho e grandioso Alto Madeira! Passei dias e dias literalmente debruçada sobre as relíquias registradas no Alto Madeira, relíquias cuidadosamente guardadas na Secretaria de Cultura do estado de Rondônia, uma das contribuições da historiadora e idealista Yêdda Pinheiro Borzacov, e mantidas pelos competentes funcionários de então. Foram momentos inesquecíveis, de descobertas e redescobertas! Mergulhei no universo de meus pais e de tantos outros pioneiros que aqui viviam naqueles anos idos! Redescobri que a política norteava os atos da grande maioria e causava mais do que divergências, causava inimizades terríveis: em um dia, via-se estampada na primeira página do Alto Madeira: “Carta Aberta a Fulano de Tal! “Então, ávida, eu devorava as linhas escritas e publicadas há tantas décadas. Na edição seguinte, encontrava, em primeira página, a resposta: “Resposta à Carta Aberta do Sr. Sicrano”. E seguia-se, em português corretíssimo, um desfile de acusações e ofensas; cabe ressaltar que era tudo em grande estilo, porque afinal de contas a publicação estava no Alto Madeira!
Meu pai costumava guardar um anúncio sobre meu nascimento, registro do Alto Madeira, claro! Deparei-me com centenas de referências afetivas e gentis a aniversários, viagens, afastamentos, nomeações etc. tudo ao estilo do Alto Madeira.
Quando penso em Alto Madeira, penso em Euro Tourinho, esta figura emblemática do jornalismo em Rondônia. Aliás, a presença de Euro é marcante na vida social de Porto Velho, através das décadas, sempre acompanhado de sua esposa, aquela dama encantadora que era Dona Maria Tourinho. No meu tempo de menina, quando ainda não podia frequentar as festas, os bailes locais, costumava reunir-me com as crianças da vizinhança para espreitar, da janela do Bancrévea Clube, as moças e senhoras da sociedade que, juntamente com seus familiares, compareciam ao clube nessas noites festivas: encantava-me com Dona Maria Tourinho, a senhora mais elegante e distinta da sociedade de Porto Velho. Lembro-me dela, esplendorosa, em um vestido longo de renda com estola (adereço usado à época), a dançar com seu marido, Euro, do mesmo modo vestido com a máxima elegância, ao som dos músicos de Porto Velho.
Leio diariamente o Alto Madeira, assim como ouço rádio AM; que bom que o Alto Madeira resistiu à sofisticação do mundo moderno e se manteve vivo, com o mesmo perfil que o caracteriza: o jornal de nossa gente! Através da referência a Euro Tourinho, presto homenagem a tantos outros jornalistas que por ali passaram, especialmente a um que há décadas dedica-se com muito integridade a esse honroso ofício: Ciro Pinheiro!
Viva o Alto Madeira!
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