Domingo, 19 de abril de 2015 - 13h57
À medida que envelhecemos começamos a pensar no fim. Isto é compreensível, afinal quem há de pensar na morte ainda na juventude? Juventude é vida, é saúde, é a profusão dos hormônios, é paixão , é atração pelo outro, aliás,tão forte que se faz incontrolável, para garantir a perpetuação da espécie, assim é a vida. Então a gente vive tudo isso e mergulha de cabeça, se embriaga de vida, se embriaga de emoções, como se o tempo fosse algo estático, como se o amanhã fosse apenas o dia seguinte. Ilusão? Sem dúvida, porém, vive-se uma bela ilusão, uma ilusão que significa o melhor da vida, assim funciona a natureza, e nós estamos submetidos às suas regras, fazemos parte dela, mas criamos um mundo tão distante dessa realidade, que chegamos a nos esquecer de nossa finitude.
Então passamos a vida adulta e jovem ocupadíssimos gerando nossos filhos, criando-os, tentando resolver a questão profissional, e não nos damos conta da implacabilidade do tempo e de suas leis: envelheceremos e morreremos (isto pelo processo natural, se não houver acidentes de percurso que podem nos matar antes disso).
No mundo que criamos ou que nos vemos inseridos, aprendemos a pensar apenas na vida: família, trabalho, realizações, projetos, conquistas, e este último item traz um pacote que faz parte daquilo que o mundo moderno valoriza: férias, viagens, consumismo, carros, roupas, celulares de ponta, computadores, enfim, tudo isso constitui nossa vida, grosso modo, e ela parece que não terá fim, até que envelhecemos.
O processo do envelhecimento é único, ou seja, cada pessoa o vivencia de modo particular e subjetivo. Alguns mantêm a saúde física e mental e certa qualidade de vida, outros não; dependendo de fatores genéticos, do modo de viver, de hábitos alimentares e costumes, ou ainda, das dores acumuladas ao longo da existência, mostram-se mais vulneráveis; outros há ainda que conseguem se equilibrar a duras penas. O certo é que a velhice chega para todos, como um grande trator, pronta a nos atropelar, cumprindo o papel que lhe destinou a mãe natureza: envelheceu? vai morrer! E ninguém deve remoer culpas, se poderia ter feito isto ou aquilo para evitar o inevitável, isto seria inútil...
Assim tudo o que nos envolveu no mundo que construímos ficará para trás, desde a família que tanto amamos, aos amigos virtuais que visitamos todos os dias, aos amigos presenciais que tanto estimamos, à árvore que cultivamos em nosso quintal, aos objetos que fazem parte de nossa vida, roupas, celular, carro, casa, tudo, absolutamente tudo, ficará para trás, pois a nova jornada é imperativa: precisamos partir sozinhos e sem qualquer bagagem.
Ponho-me a pensar cada vez mais na crueldade da natureza, não por morbidez ou desencanto, mas pelos anos que avançam e se fazem sentir no meu próprio corpo. Cá com minhas reflexões, acredito, ao contrário de tantos, que tudo isso não seria apenas fruto do acaso; creio numa inteligência soberana e num propósito maior para a vida e para a morte, tanto de humanos quanto de animais. Nossa finitude é inexorável, sim, porém pode significar o início (ou o reinício) de uma outra jornada.
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