Sexta-feira, 18 de abril de 2014 - 13h12
Nas últimas décadas a Semana Santa vem sendo marcada, sobretudo, pelo simbolismo da Páscoa, ou seja, congratulações, desejos de feliz páscoa e principalmente pela profusão de ovos de chocolate espalhados pelo comércio de todas as cidades brasileiras. Porém, nem sempre foi assim, pelo menos para mim, cabocla nascida e crescida no longínquo Território Federal do Guaporé, hoje Rondônia, cuja capital é Porto Velho.
Apesar de não pertencer a uma família católica, nós, as crianças da minha família, participávamos de toda a solenidade, de toda a compenetração e de todo o ritual que envolvia a igreja católica e os cristãos da época: era deveras impressionante!
Sexta-feira santa era dia de luto. Entrava-se na catedral de Porto Velho e deparava-se com uma cena impactante, pois as imagens dos santos eram todas cobertas com tecido roxo-escuro; as centenas de pessoas que procuravam a Igreja nesse dia pisavam levemente, para não perturbar o velório que acontecia ali: em uma grande urna envidraçada, jazia, ensanguentado e com a coroa de espinhos na cabeça, o corpo do Senhor morto. À sua volta, as beatas da Igreja, com suas vestes escuras e terços nas mãos, oravam fervorosamente. Esta imagem jamais me saiu da cabeça sempre que se aproxima a Semana Santa.
O luto era intenso nas residências cristãs ao longo de todo esse dia; falava-se baixinho, não se varria a casa e os espelhos eram cobertos; na época, eu não entendia esse simbolismo, porém, hoje, acredito que cobrir os espelhos em sinal de luto significa evitar respeitosamente de olhar para a própria imagem, pois é momento de reverenciar o morto.
A sexta-feira era movimentada de transeuntes que se dirigiam à Igreja para velar o corpo do Senhor. Em nossa pequena cidade, na verdade um povoado, não se comia carne ao longo da semana; aquela sexta-feira do ano era verdadeiramente santa, e isso era inquestionável.
No domingo, celebráva-se a Páscoa com o espírito alegre, mesmo sem os tais ovos de páscoa ou brincadeiras envolvendo coelhinhos de chocolate.
Velhos tempos ...
Que a Semana Santa possa trazer a todos nós a dimensão de seu significado. Feliz Páscoa a todos!
Quando eu era nova, o tempo não era um tema que eu considerasse instigante. Para mim bastava pensar que a vida é o que é, ou seja, tudo se modifica
Ela não era fumante, nunca foi, e se casou com meu pai, que fumava desde a meninice. Ela passava mal com o cheiro forte do cigarro impregnado nos le
O mundo em que nasci não é este que Deus está me permitindo ver e viver. Em um mundo analógico, as mudanças eram lentas; as crianças obedeciam às r
Porto velho: natureza em chamas
Era madrugada de quinta-feira quando despertei; minha respiração estava difícil, as vias respiratórias pareciam ter dificuldade em cumprir sua funçã