Domingo, 9 de agosto de 2015 - 08h48
Já ouvi em algum lugar que o dia dos pais foi uma invenção do comércio do passado para vender gravatas. Acredito. Seja lá qual for a origem desta homenagem, a gente acaba meditando sobre o pai que tem ou o pai que teve; quem é pai acaba também meditando sobre o pai que consegue ser. Creio que seja assim com a maioria das pessoas. Quanta coisa mudou ao longo das décadas com relação à figura do pai!
Antigamente (e ainda hoje isso existe), a mulher era quase santificada pela maternidade no seio da família. Bastava ser mãe para tornar-se uma espécie de santa, alguém muitíssimo reverenciada pelos filhos, o que era positivo; mas era como se apenas dela emanasse o verdadeiro amor pelos filhos. O mesmo não ocorria com relação à figura paterna, esta é a impressão que guardo da época. Ao pai cabia o papel de provedor absoluto; a grande maioria dos pais, chamados “chefes de família”, mantinha certo distanciamento dos filhos, aliás, o pai era figura temida pelos filhos porque exercia sua autoridade. Sou levada a crer que esse distanciamento era ideológico-cultural, uma hierarquia cultivada através das gerações pelo senso - comum, a fim de preservar os costumes e os valores da sociedade, manter os filhos nos trilhos. Outra época...
Hoje, o distanciamento no tempo e a maturidade me fazem olhar os pais de antigamente de outro modo; eram homens que evitavam ao máximo demonstrar sua vulnerabilidade; demonstrar fragilidade emocional não lhes era permitido, embora tantas vezes o amor pelos filhos lhes saltasse do peito e não conseguissem segurar a emoção. Afinal de contas, amor é amor, amor de mãe ou amor de pai! E há que se valorizar com total reconhecimento a importância de um pai na vida de um filho: porto seguro, ombro amigo, mão grande e forte que sustenta a da cria nas horas difíceis, inspiração para a vida; e isso se mantém ao longo da existência, mesmo que seus cabelos estejam totalmente brancos, mesmo que seu andar tenha um passo lento e trôpego, mesmo que seu rosto seja marcado pelos anos. É uma pena que tantos filhos só se deem conta disso tarde demais...
Fico a refletir sobre as grandes transformações pelas quais passou a família de um modo geral: o pai deixou de ser provedor único, e a ausência da mulher de plantão no lar levou esse pai a assumir tantas vezes as tarefas domésticas e os afazeres com os filhos. Hoje temos pais separados, pais que compartilham a guarda dos filhos, além de pais que vivem em outras formações familiares. É a modernidade!
Não importa a época em que viveram e que vivem os pais; exceções à parte, todos se igualam no mesmo sentimento que faz seus olhos marejarem, independentemente da idade que tenham: o amor pelos filhos.
Espero que você, meu amado pai, daí de onde está, no céu dos paizinhos que já se foram, receba minha homenagem e meu afeto mais profundo.
Feliz Dia dos Pais a todos os Pais!
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