Domingo, 18 de agosto de 2013 - 08h33
Noutro dia, folheando uma revista semanal, pus-me a pensar em uma norma incorporada pela imprensa culta há bastante tempo: ao citar o nome de alguém que já faleceu, cita-se ao lado o ano do nascimento e o ano da morte. Esta aliás é uma regra bastante informativa. Ao longo de décadas desenvolvi o costume de calcular o tempo em que essa pessoa viveu; se viveu pouco, lamento; se chegou aos oitenta anos, a lógica que desenvolvi a respeito, desde criança, aceita o fato como algo positivo: pelo menos viveu bastante, quem sabe teve tempo de superar as eventuais infelicidades, circunstâncias implacáveis que constituem a existência de um ser humano....
Não raramente ponho-me a imaginar as histórias de algumas dessas pessoas cujas vidas se resumem a duas datas. Não são necessariamente grandes personalidades; gosto de pensar que são apenas pessoas, seres que na bendita data do nascimento devem ter trazido alegria a alguém que se pôs de imediato a fazer planos sobre seu futuro e sobre sua existência, prefiro pensar que tenha sido assim.
Entre as duas datas descritas em linha reta pela imprensa, quantos pontos divergentes, quantas coisas implícitas e não ditas... infância, alegrias e traumas, juventude, paixões e loucuras, maturidade, enfim, a luta árdua para vencer obstáculos e seguir em frente, isso fora as realizações, pois por mais medíocre que tenha sido uma existência esta também é pontilhada por pequenas-grandes alegrias: acordar de manhã, contemplar as belezas da vida, adormecer sob a luz do luar, tomar uma xícara de café quente num dia frio, coisas assim...
O fato é que uma existência vai além do que possa imaginar nossos devaneios; há a beleza dos pássaros e das flores, para os que desenvolvem a sensibilidade de sabê-los; mas também há lágrimas e dores ao longo do caminho que separa as duas datas, a do nascimento e a da morte.
“Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.”
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
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