Quinta-feira, 26 de outubro de 2017 - 15h11
E a mulher de idade, sentada em um banco de praça, enquanto o mundo corre para o trabalho, põe-se a contemplar a vida. O que mais lhe resta? Pensa em tudo que já vivera e sabe que, a essa altura, não há mais projetos, não pode mais fazê-los; o que há de fazer agora é viver um dia por vez, grata a cada manhã que abre os olhos. Está sozinha. Todos se foram; uns para sempre, outros apenas se fizeram distantes. Mas quantas vozes povoam-lhe as memórias... Em um banco próximo, um casal chama-lhe a atenção: juventude, desejo, carinhos, amor, tudo isso passa em sua cabeça: são cenas de um percurso amoroso, sua vida encenada no teatro.
Cena 1: Adolescente a descobrir o amor . O primeiro beijo, o arrepio das mãos entrelaçadas, rostos colados ao som de um bolero, vestido de organza, pérolas a adornar o rosto da mocinha pura e romântica. Colégio de freiras.
Cena 2: Paixão arrebatadora a retorcer-lhe as entranhas. Sexo. Casamento. Filhos. Promessas de felicidade para todo o sempre.
Cena 3: Separações. Idas e vindas. Recomeços. Conquista de uma profissão. Comunhão com a vida. Perdas das pessoas que ama.
E a mulher de idade olha para dentro de si e os vê: estão todos lá, eles, os personagens de sua longa vida. Antes de levantar-se e deixar lentamente a praça, afaga o rosto de uma criança que brinca com um cãozinho. Sorri e pensa, agradecida, que cada um tem seu tempo para viver.
Sou uma pessoa de sono difícil e sonhos perturbadores, custo a crer que não são realidade. Aliás, na madrugada, passei mal e precisei de atendimento
Quando eu era nova, o tempo não era um tema que eu considerasse instigante. Para mim bastava pensar que a vida é o que é, ou seja, tudo se modifica
Ela não era fumante, nunca foi, e se casou com meu pai, que fumava desde a meninice. Ela passava mal com o cheiro forte do cigarro impregnado nos le
O mundo em que nasci não é este que Deus está me permitindo ver e viver. Em um mundo analógico, as mudanças eram lentas; as crianças obedeciam às r