Sexta-feira, 22 de julho de 2011 - 15h58
Quando se fala sobre a origem do nome da cidade de Porto Velho, não há como deixar de ouvir referências à encantadora história do velho Pimentel, uma versão que, ao longo do tempo e das evidências históricas, fica cada vez mais enfraquecida.
Ao que tudo indica, Porto Velho era como se costumava chamar o antigo porto dos militares (provavelmente, oriundos de Belém) que aqui se estabeleceram, temporariamente, para defender bravamente nosso país contra possíveis investidas paraguaias. Há inclusive uma teoria de que o nome era Ponto Velho, e que teria sido a dificuldade de pronúncia de falantes de língua inglesa - americanos e ingleses que para cá vieram à época da construção da Madeira Mamoré - que transformou Ponto Velho em Porto Velho.
Seja lá qual for a versão correta do nome da cidade, há que se fazer uma lamentável constatação: Porto Velho de hoje, com raríssimas exceções, não reverencia seus pioneiros.
A explicação para essa triste realidade certamente está no crescimento demográfico pelo qual passou Rondônia a partir dos anos oitenta. Para cá acorreram milhares de pessoas provenientes de outras regiões do país. E a mobilidade dessas populações entre os municípios do estado tem sido bastante significativa ao longo das décadas.
É provável que grande parcela dessas pessoas não tenha tido tempo suficiente para estabelecer vínculo com a cidade, a ponto de desejar conhecê-la em profundidade, ou seja, aprender sobre seu passado, sobre sua História, sobre aqueles que a construíram e semearam seu progresso. Há que se considerar a falta de empenho do poder público, a quem cabe incentivar a população para tanto. É uma hipótese.
A população de nossa capital, evidentemente, é constituída de maioria de pessoas oriundas de outros municípios ou outros estados, e são essas pessoas que, normalmente, ocupam as cadeiras na Câmara de Vereadores de Porto Velho.
Rua Andréia?! Rua Andressa?! Rua Daniela?!
Essas são algumas das lamentáveis evidências do descaso para com a História do município de Porto Velho:
Andréia de quê? Quem foi Andréia?
Andressa de quê? Quem foi Andressa?
Daniela de quê? Quem foi Daniela?
Qual a relevância dessas pessoas (?) sem sobrenome na construção de nossa História, no desenvolvimento de nossas potencialidades, no que se refere à promoção de um trabalho social verdadeiramente edificante, um trabalho voltado a erigir um município pujante como Porto Velho? Por acaso, esta cidade não tem um passado?!
Então qualquer Zé das couves e qualquer Mariazinha do bar da esquina, hoje, são nomes de rua em Porto Velho, simplesmente porque foram referências de locais que caíram na boca do povo? Não se considera mais a trajetória de trabalho em prol do engrandecimento do município para dar nomes às ruas e espaços públicos desta cidade?
Aliás, há algum tempo nomeiam avenidas em Porto Velho com substantivos comuns! A situação é de causar espanto. Temos uma importante avenida com o nome de Avenida Jatuarana!
O desrespeito para com a memória dos pioneiros cresceu tanto que, diante dessa vergonha nacional, a impressão é que vivemos num garimpo, num lugar improvisado, completamente inculto, num lugar sem passado e sem legitimidade cultural onde quem dá nome aos logradouros desta cidade não valoriza a História - ou por descaso, ou por ignorância, que é a alternativa predominante, inclusive no descaso. A intenção aqui não é generalizar. Deve haver algumas pessoas nesse meio que lutam contra esse estado de coisas, remando contra a maré. Acreditamos que sim.
Certamente a comunidade intelectual de Porto Velho vive remoendo intimamente sua indignação, face a essa prática pública de falta de conhecimento, de desconsideração, de desrespeito para com nossa História.
Não podemos nos manter omissos diante de um tipo de ação que nivela por baixo nossa cultura, que fragiliza ainda mais nossa já aviltada identidade cultural.
Evidentemente, há alguns grupos que se manifestam, numa tentativa de reverter esse caos: temos, por exemplo, um programa semanal na TV que se chama Viva Porto Velho! Temos um programa de rádio que se chama Porque Hoje é Sábado, onde alguns idealistas da cidade se desdobram, para manter acesa, no meio de um vendaval, uma pequena chama que alimenta a Cultura e a História desta cidade. O próprio jornal eletrônico Gente de Opinião é um bom exemplo de trabalho pela difusão de nossa cultura. Isto é promover educação no sentido mais rico da palavra.
Como rondoniense natural de Porto Velho, torço para que os responsáveis por nomear os logradouros da cidade atentem para o fato de que Porto Velho tem uma história de mais de cem anos. Portanto, trata-se de uma história que não começou na década de oitenta. A história de Porto Velho foi construída com os sonhos, com o trabalho profícuo e com o desgaste da vida de tantos pioneiros: gente que amava verdadeiramente esta cidade; gente que aqui passou sua existência, numa época em que não havia o conforto e as facilidades da modernidade (estamos falando dos primórdios até os anos de 1930, 1940, 1950, 1960); gente que aqui plantou sua descendência, constituída esta de filhos, netos e bisnetos, muitos vivendo nesta capital.
Destarte, essa gente pioneira merece ser lembrada, merece ser reverenciada, merece ser homenageada com seus nomes em ruas e avenidas de Porto Velho, com seus nomes em espaços públicos significativos no Município.
Que nomeiem os logradouros com os nomes desses pioneiros. Do contrário, Porto Velho caminha para se tornar realmente o Porto dos Esquecidos!...
Que Deus proteja Porto Velho!
Fonte: Fonte: Sandra Castiel - sandracastiell@gmail.com
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