Quinta-feira, 17 de janeiro de 2013 - 15h04
Hoje acordei com uma palavra na cabeça, terei sonhado com ela? Pode ser. A palavra é INSPIRAÇÃO. Gosto desta palavra. Considero-a bela, quer pelo sentido, quer pela sonoridade. Comumente temos a impressão de que inspiração é privilégio de artista: o poeta precisa de inspiração para escrever seus versos, o compositor instrumental precisa de inspiração para sua partitura etc. Pouco meditamos, porém, sobre o fato de que a vida nos fornece inspiração a cada momento, para vivê-la, vivê-la em sua plenitude. E isto não significa felicidade contínua, não; viver plenamente é viver tudo, inclusive enfrentando aquele problemão. Neste quesito, desenvolvi uma técnica de sobrevivência emocional: Quando o problema é maior do que meu pequeno ser pode suportar, costumo compartilhá-lo com Ele; e Ele sempre tem a solução: no mínimo poderá ajudar-me a viver com o problemão. O importante é não deixar que as ruindades do mundo nos sequem a alma, pois uma alma seca é uma alma sem inspiração; isto, sim, é algo inaceitável...
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Minha vizinha passou dez anos fora e quando voltou estranhou a cidade, a casa e sobretudo a trilha sonora de nossa rua. Dantes, nossa rua era acanhada, e as casas esparramavam-se, preguiçosas, uma aqui, outra acolá. Hoje, as casas apequenaram-se, quase sumiram ao lado de imponentes construções verticais. Mas o que incomoda mesmo minha vizinha é o silêncio que ora reina no quintal. Se da varanda contempla-se um frenético movimento de carros, motos e bicicletas, coisa que lembra o tumultuado trânsito da Índia (só faltam os elefantes na pista), o quintal é uma tristeza só: Onde foram parar os passarinhos? Antes, desenhavam o céu em revoada e, ao pôr do sol, pousavam sobre as palmeirinhas e goiabeiras, onde se acomodavam para dormir numa sinfonia inebriante; sua ausência deixa minha vizinha deveras inconformada. Por isso tem passado longas horas no quintal, ocupando-se de revitalizar a plantação. Voltem, passarinhos, voltem...
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Noutro dia, em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, onde os carros passam em disparada, uma cena provocou-me uma verdadeira viagem no tempo: um velho homem conduzia sua carroça, também velha, puxada pelo passo lento de um cavalo magro e cansado. Fiquei a contemplar a cena e percebi algo ainda mais inusitado para os dias de hoje: o cachorro que acompanhava a dupla. Sob a carroça, andando no ritmo do cavalo, um velho cachorro integrava a comitiva. De vez em quando, o fluxo do trânsito obrigava o cortejo a parar, ocasião em que o cão saía cuidadosamente de onde estava para contemplar o dono (o amigo) e depois voltava ao seu posto; coisas de amizade verdadeira, algo que a humanidade já esqueceu faz tempo. Com o olhar acompanhei o trio até que ele sumisse rua adentro. Quanta saudade da pureza das coisas mais simples...
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