Sábado, 24 de março de 2012 - 11h36
Não gosto de salas de espera. Talvez por traduzirem sempre, ao longo de minha vida, um tipo de expectativa desagradável.
Quando estou em alguma sala de espera, prefiro observar as pessoas do que me pôr a folhear as revistas de sempre, normalmente repletas de notícias velhas, desinteressantes como jornais de ontem. Em tempo de internet, tudo parece conhecido, lido, batido...
E as reações são inusitadas nas salas de espera. Se esta for antessala do gabinete de um político ou de uma autoridade, por exemplo, é preciso exercitar a humildade e ignorar certas agressões à autoestima. Estar preparado para esperar horas é um ponto. O outro, este mais doloroso, é presenciar que o político ou a autoridade em questão (em reunião importantíssima dentro do gabinete, segundo a secretária), recebe sem a menor cerimônia várias pessoas que simplesmente empurram a porta, entram e ficam por lá. Coisas do mundo do poder, inacessíveis ao cidadão comum. Quando isto ocorre, os que esperam apenas se entreolham. Mesmo que não se conheçam, acontece ali um diálogo sem palavras, algo mais ou menos assim:
- Você viu? O sujeito não está nem aí pra nós!...
- É verdade! Quem diria, hem?
Mas há também reações de orgulho ferido, sobretudo se a pessoa que toma chá de cadeira for uma persona de destaque no cenário social da cidade. Há alguns anos, cheguei a presenciar uma cena do tipo: Não posso esperar tanto! Sabe com quem está falando?
Salas de espera de gabinetes de autoridades não são fáceis. Mas existem piores, como as de hospitais, quando se tem que ficar ali, atento ao semblante do cirurgião que irá falar sobre o resultado da operação em alguém da família da gente, ou ao médico que irá sentenciar o diagnóstico que pode mudar nossa vida.
Pois é. Depois de muitas décadas de existência é que a gente se dá conta de que vive em uma grande sala de espera. Nesta, não há cadeiras frias, revistas velhas ou paisagens bucólicas penduradas na parede. Vivemos, sim, a esperar pelo que nos incutiram como caminho único à felicidade, caminho este imposto pela sociedade. Esta exige que nossos pensamentos, nossos ideais e nossas ações não entrem em desarmonia com o instituído. Você precisa “amadurecer”, casar, constituir família, ter um trabalho ótimo, filhos amorosos, netos adoráveis, saúde perfeita, uma linda casa, etc. não necessariamente nessa ordem.
E a vida nos ensina o tempo inteiro que isso é tão difícil!...
Eis a razão pela qual, cá com meus botões, continuo detestando sala de espera...
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