Sábado, 21 de julho de 2012 - 19h40
Há fortes indícios de que uma parcela significativa da população brasileira desenvolveu ojeriza à política. Para muitos, o mundo ideal seria um mundo sem política e sem políticos. O que é uma utopia.
Não há como negar essa evidência: a reputação da classe política de nosso país, de um modo geral, ultrapassou há muito o fundo do poço.
Fazer piada sobre políticos, no Brasil, é uma prática absolutamente corriqueira. Isso também ocorre em vários outros países. A diferença é que aqui a figura do político é permanentemente ridicularizada, achincalhada e desmoralizada, numa demonstração contundente do descontentamento e do descrédito dos brasileiros.
Por que isso ocorre? Serão todos os políticos desonestos? É evidente que não. Certamente, há nesse meio pessoas bem intencionadas e capazes de realizar um trabalho competente em prol de seu município, de seu estado, de seu país. Aliás, pouquíssimos conseguem efetivamente fazer um trabalho que dignifique a categoria. Essa realidade certamente está relacionada a um aspecto crucial: as alianças estabelecidas ao longo da campanha e ao longo do mandato.
A essa altura do exercício democrático, o brasileiro com alguma capacidade de análise crítica já chegou a essa conclusão. A escalada ao poder e o próprio exercício do cargo exigem as tais alianças. Como eleitora brasileira, cá com meus botões, estou convicta de que está aí a fruta podre do cesto, a base da corrupção, das negociatas, dos conchavos, das trocas de favores, das tenebrosas indicações de pessoas despreparadas para funções de grande relevância no setor público. E, ao que indicam as evidências, este parece um problema insolúvel, porque se trata de um círculo vicioso perpetuado pela prática da política partidária em nosso país. Lamentável.
Normalmente depositamos nosso ideal de uma sociedade mais justa e mais rica de oportunidades, nas propostas de alguns políticos. Afinal, são os políticos que criam as leis, são os políticos que administram as verbas públicas, são os políticos que podem melhorar a qualidade de vida da população. Isto, contudo, não significa que a própria sociedade, quando consciente, não exercite sua cidadania e não se articule para melhorar sua qualidade de vida em vários aspectos.
Mas chegamos realmente a acreditar (principalmente quando somos jovens) que determinados candidatos serão capazes de resolver definitivamente problemas cruciais encravados há décadas nas instituições públicas, instituições como a Saúde e a Educação. Tomo-as aqui como exemplo.
Em todos os períodos de campanha, as promessas e “compromissos” são os mesmos: Saúde e Educação!
Entre alguns discursos bons e outros horrendos, os candidatos vão para a televisão e ressaltam os milagres que, se eleitos, irão realizar para transformar o quadro miserável que acomete a Saúde e a Educação no setor público. A palavra compromisso é repetida enfaticamente: compromisso com a categoria de professores, compromisso com a formação dos alunos, compromisso com o atendimento médico, compromisso com a melhoria no atendimento hospitalar, enfim, o mesmo blablablá de sempre.
Mesmo em meio ao descrédito, há que se acreditar em alguém, e a população, grosso modo, acredita, com exceção dos casos das pessoas que trocam seu voto por favores (prática infelizmente ainda corriqueira neste país) e dos casos das pessoas que inutilizam seu voto em sinal de protesto.
Depois que é eleita a pessoa em que a população deposita suas esperanças, e o tempo revela que as mazelas de sempre nas instituições como Saúde e Educação permanecem, começa a cair a ficha da desilusão com relação à administração do candidato, antes objeto de seus anseios e esperanças.
Um fato interessante que decorre desse processo é que, uma vez constatado o fiasco que é a administração do sujeito, a notícia desse desencanto parece não chegar aos ouvidos do candidato eleito: o sujeito demonstra ter sido blindado, pelos assessores, a tudo de ruim que ocorre em seu entorno, pois mantém um discurso de campanha e é cuidadosamente preservado das notícias más. A impressão que nos passa é que só ouve elogios. O pensamento da assessoria é não levar problemas.
Isto também decorre do receio dos assessores de perder o posto, pois é considerado um privilégio fazer parte da cúpula. Considero que o mesmo comportamento se repita com os secretários estaduais e municipais e seus assessores (aliás, já tive oportunidade de presenciar algumas situações; o importante é deixar o secretário feliz, e nunca, jamais, contrariado).
É como se todos que integram a tal cúpula se tornassem literalmente cegos ao caos que continua imperando na Saúde e na Educação, por exemplo, e fizessem ouvidos moucos aos clamores da opinião pública. Aliás, não completamente.
Pois numa contradição absurda, a providência usual da equipe é contratar urgentemente uma boa e caríssima empresa de publicidade (paga com o dinheiro do contribuinte), para armar a presepada de transformar qualquer merreca numa obra grandiosa. Afinal de contas, a propaganda é a alma do negócio.
Então, quando se liga a televisão, a imagem do político eleito é mostrada como a de um grande empreendedor, alguém que veio para acabar com o caos em que vivem mergulhadas nossas instituições públicas, sobretudo as quase falecidas Saúde e Educação.A falta de gaze para um simples curativo, nos hospitais públicos, por exemplo, não é importante: importante é a construção de um hospital novo. E por aí vai... continuará faltando gaze, no velho , vai faltar no novo, e em todos eles, para todo o sempre.
A coisa caminha sem o menor cuidado, sem o menor compromisso de prestar um atendimento digno à população, e não se considera que um atendimento digno começa pelo básico; no caso de um hospital, há que ter obrigatoriamente gaze, esparadrapo etc. O mesmo se aplica à educação: a falta de um ensino fundamental de qualidade (e este começa nos primeiros anos da vida escolar) é o que gera o despreparo quase generalizado dos jovens que saem hoje das faculdades.
Mas possibilitar o básico não projeta ninguém, e o que a grande maioria dos políticos almeja é a grandiosidade, as obras de grande vulto. Para esses políticos, mais importante do que a qualidade do atendimento prestado e mais importante do que as condições oferecidas aos profissionais, para prestarem um bom atendimento, é a fachada da edificação, a dimensão da visibilidade, e os dividendos que pode vir a colher para se projetar no cenário político.
Talvez se deva ao descrédito da juventude, para com os políticos, um fenômeno que ora se observa em Rondônia: não mais se formaram nomes de peso nos quesitos competência e liderança. O que se vê é a ausência de nomes de pessoas realmente preparadas, pessoas que demonstrem no currículo menos partidarismo e mais capacidade técnica e administrativa para gerir os destinos desta terra.
Esperemos que os jovens entendam que administrar um município requer muita competência, e que ações populistas e o próprio populismo começam a cair em descrédito no país, onde a população também começa a dar sinais de conscientização política.
O que se espera hoje de um candidato é competência e probidade administrativa. Há que ser alguém comprovadamente íntegro e suficientemente preparado; neste quesito, significa alguém que tenha estudado muito para tornar-se um bom administrador: além da educação formal, é imprescindível que se dedique a conhecer os principais problemas que atingem a população do município, que proponha alternativas viáveis para combatê-los e pesquise, junto a municípios com gestões bem sucedidas, ações que possam ser implementadas em seu próprio município.
Agora, o principal item é que, uma vez eleito, nomeie, para os cargos públicos, funcionários de carreira, aqueles que já conhecem muito bem a dinâmica do trabalho e se destacam em sua área de atuação. Não porque presidiram o diretório acadêmico da faculdade que frequentaram, ou o sindicato da categoria a que pertencem (ou pertenceram), mas se destacam pela competência que demonstram no exercício de suas funções.
Ah, mais uma coisa: não vale nomear apadrinhado de nenhum político.
Ufa! Isto é mesmo uma grande Utopia...
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