Sábado, 13 de maio de 2017 - 11h46
Se eu fosse poeta, gostaria de fazer versos clássicos, bordá-los delicadamente com os pontos mais belos, linhas cadenciadas em métrica perfeita e rimas ricas de flores e cores, as mais belas que há, para homenagear as mães mortas.
Homenagem deve ser feita em vida! - dirão alguns. Certamente. Porém, somente quando a mãe se vai é que o filho se dá conta da grandiosidade de sua presença em sua existência: Se antes a persistência da mãe em participar da vida do filho, mesmo um jovem adulto, o incomodava, agora sua ausência representa um grande vácuo, um abismo insuportável; Se antes o filho ficava irritado com tantas repreensões, com discursos intermináveis sobre o que é certo e o que é errado, com todas aquelas recomendações e conselhos, agora, o silêncio deixado pela voz da mãe é ensurdecedor; Se antes almoçar com a mãe idosa aos domingos era um dever filial e não satisfação verdadeira, agora, após a morte da mãe, o almoço de domingo parece não ter sentido.
Isto acontece quando o filho, dantes tão voltado à própria vida e às lutas do dia a dia, dá-se conta de que perdera um tesouro. Dá-se conta de que perdera mais do que uma amiga incondicional e o amparo de sua existência em todos os momentos, desde o início de seus dias: perdera a fonte que lhe gerara a vida. Sente-se perdido.
E quando esta consciência invade a mente do filho... Meu Deus, quanta dor!
Até que de lá de onde está, no plano das mães que se foram, a dor do filho a alcança; a mãe sente queimarem-lhe no rosto as lágrimas ardentes que o filho derrama.
Então, uma noite, no silêncio da madrugada, no momento em que o filho, exaurido pela dor, adormece, eis que o espírito da mãezinha morta achega-se suavemente; primeiro, com a timidez de um fraco ponto de luz a quebrar a escuridão do quarto. Em seguida, ei-la que surge inteira e brilhante; traz na face as marcas das lágrimas do filho: acaricia com as mãos delicadas o rosto adormecido do filho amado, enxuga-lhe as lágrimas, toca-lhe os cabelos e beija-lhe a fronte. Depois, senta-se ao seu lado e põe-se a sussurrar baixinho palavras de consolo e ânimo, acalentando-o amorosamente, até que os primeiros raios de sol reflitam no aposento sua luz tênue e cálida. É hora de partir. E a mãe morta se vai.
Quando desperta para um novo dia, o filho sente-se estranhamente renovado, reconfortado e disposto. Pensa na mãe e lembra-se do sonho que tivera com ela, tão real! É dia das mães. Um sorriso agora emoldura o rosto do filho: não há dúvida; em sonho, a mãe voltara para alegrar-lhe a vida.
Feliz dia das mães, mãe querida!
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