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O Discatério de Tucho - A Maçonaria e a Igreja Católica: uma história de conflitos


Rubens Nascimento - Gente de Opinião
Rubens Nascimento

Numa Pompílio, sucessor de Rômulo, o criador de Roma, estava coagido por um povo enfurecido e sem rumo. Este, querendo reduzi-lo à obediência civil com as artes da paz, recorreu à religião como elemento imprescindível para manter a vida civil (civilità ) e a constituiu de modo que, por muitos séculos, não havia tanto temor a Deus como naquela república, o que facilitou todos os empreendimentos que o senado ou os grandes homens de Roma planejaram levar a cabo.

Na Roma de hoje, governada pela maior religião cristã do mundo, a Igreja Católica, em nada mudou do que foi visto no século passado. O medo, o fogo do inferno, o purgatório, são alguns dos elementos que o clero se apoderou, naquela época,  para oprimir o povo. Se não bastasse, se recorria a tortura em diversas formas, como queimaduras em óleo quente, cegueira por ferro em brasa, camas de pregos e, por fim, aqueles que não sucumbiam, a fogueira era o destino. Tudo em nome de Deus.

Quando digo que nada mudou, faço um relato histórico da relação entre a Maçonaria e a Igreja Católica, marcada por conflitos desde o início da história. A Igreja Católica, por ser uma instituição religiosa que defende a primazia da fé sobre a razão, considera que a Maçonaria uma organização secreta e antirreligiosa.

Não por acaso, que no dia 13 de novembro último, o Dicastério para a Doutrina da Fé,  emitiu uma nota reafirmando a proibição da filiação à Maçonaria para os católicos. A posição da Igreja é de que a Maçonaria continua sendo considerada uma organização secreta e antirreligiosa, que pode levar seus membros a se afastarem da fé.

Assinada pelo prefeito Victor Fernandéz , o Tucho, um argentino protegido do Papa Francisco. O dicastério respondeu a uma solicitação de dom Julito Cortes, bispo de Dumanguete, nas Filipinas. Cortes, "ilustrou“ com preocupação a situação em sua diocese, devido ao aumento contínuo de fiéis filiados à maçonaria.

Em resposta, o dicastério propõe aos bispos filipinos que "realizem uma catequese popular em todas as paróquias sobre as razões da irreconciliabilidade entre a fé católica e a Ordem Maçônica.

Mas afinal, o que é discatério? Para a Igreja Católica,  esse nome  que vem do Grego, significa , juiz. É o nome dos departamentos e das autoridades da Igreja que compõem a Cúria Romana. Órgão administrativo que auxilia o papa e coordena toda a igreja. Entre os dicastérios estão: a Secretaria de Estado, as congregações, os tribunais eclesiásticos, conselhos, ofícios, comissões e comités. O Papa delega a cada dicastério uma função do governo. Vejam o Poder na mão de um ignorante. É como uma navalha na mão de uma criança.

É muita petulância!  Tucho, como é conhecido Victor Fernandes, um apadrinhado do Papa, se mostra um expressivo ignorante, embora tenha doutorado em teologia, falar sobre a Maçonaria.

O que está por traz disso tudo? O que querem esconder novamente? A história está ai para contar a luta da Maçonaria para libertar o povo em todos os rincões da terra, das garras dos déspotas e, principalmente da lavagem cerebral promovida pela igreja, em nome de Cristo.

Os primeiros registros de oposição da Igreja Católica à Maçonaria datam do século XVII. Em 1738, o Papa Clemente XII emitiu a bula In Eminenti, que condenava a Maçonaria como uma organização secreta e antirreligiosa. A bula declarava que os católicos que se filiassem à Maçonaria estariam em estado de pecado grave e seriam excomungados.

A perseguição continuou nos séculos seguintes. Em 1821, o Papa Pio VII emitiu a encíclica Ecclesiam a Jesu Christo, que reafirmava a condenação da Maçonaria pela Igreja. A encíclica declarava que a Maçonaria era uma organização perigosa que ameaçava a unidade da Igreja e a paz social.

No século XX, a oposição da Igreja Católica à Maçonaria continuou. Em 1917, o Papa Bento XV emitiu o Código de Direito Canônico, que proibia os católicos de se filiarem à Maçonaria. O Código de Direito Canônico declarava que os católicos que se filiassem à Maçonaria estariam sujeitos a penas canônicas, incluindo a excomunhão.

Em 1983, o Papa João Paulo II promulgou um novo Código de Direito Canônico, que manteve a proibição da filiação à Maçonaria para os católicos. No entanto, o novo Código de Direito Canônico eliminou a pena de excomunhão para os católicos que se filiassem à Maçonaria.

Ao longo dos séculos, a Maçonaria enfrentou perseguições por parte da Igreja Católica. Muitas vezes, essa hostilidade estava enraizada em mal-entendidos e na falta de transparência que historicamente cercava a Maçonaria. A sociedade secreta, com seus rituais e símbolos, frequentemente despertava suspeitas e temores infundados.

A decisão da Igreja Católica de proibir seus fiéis de participarem da Maçonaria é uma violação da liberdade religiosa. A Constituição Federal do Brasil garante a liberdade de crença e de associação, o que significa que cada indivíduo tem o direito de escolher sua religião e de se associar a organizações de sua preferência. Aqui, a proposta  da Igreja, não se cria.

A decisão da Igreja Católica é baseada em preconceitos e ignorância. É uma tentativa de controlar a vida privada dos indivíduos e de limitar sua liberdade de escolha e de procurar esconder os seus crimes bárbaros praticados em nome da fé cristã.

Recentemente Portugal apresentou, uma investigação sobre as agressões sexuais contra menores na Igreja Católica. Um escândalo que também afetou a instituição em países como Estados Unidos, Chile e Austrália.

O clero católico lusitano abusou sexualmente de pelo menos 4.815 menores desde 1950, de acordo com uma comissão de investigação. A maioria dos crimes denunciados prescreveu, mas 25 acusações foram transmitidas às autoridades judiciárias, que abriram investigações. Muitos padres condenados, mas muitos escaparam incólumes sobre o manto papal, que tudo procurou esconder da sociedade que se diz defender.

É crucial reconhecer o papel significativo desempenhado pela Maçonaria na formação de ideias iluministas e na promoção da liberdade individual, igualdade e fraternidade. Muitos dos ideais maçônicos, como a separação entre igreja e Estado, não necessariamente se chocam diretamente com os princípios fundamentais da fé católica.

Nós maçons e os defensores da liberdade religiosa devemos nos posicionar contra essa decisão. Devemos exigir que a Igreja respeite o direito de seus fiéis de participarem da Maçonaria ou de qualquer outra organização que eles desejem.

A Maçonaria evoluiu ao longo dos anos, e muitas lojas maçônicas atualmente enfatizam valores éticos, filantrópicos e sociais. A proibição recente pode ser vista como uma resistência a reconhecer as mudanças positivas e a adaptabilidade da Maçonaria à sociedade contemporânea.

Em um mundo cada vez mais plural, o diálogo entre a Igreja Católica e a Maçonaria é essencial. Em vez de proibições unilaterais, seria mais construtivo promover um entendimento mútuo, onde ambas as partes reconheçam as diferenças e busquem pontos de convergência para trabalhar em prol do bem comum.

 

Rubens Nascimento

é Jornalista, Bel.em Direito, Maçom ativo pertencente a Loja Maçônica Verdade, Oriente de Porto Velho, federada ao Grande Oriente do Brasil- GOB.

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