Quinta-feira, 22 de junho de 2023 - 14h31
Desde os primórdios, havia, entre os moradores
de Rondônia, alguns homens célebres pela inteligência, pela sapiência, pelo
talento; à medida que o desenvolvimento (mesmo em passos lentos) chegava a esta
terra, alguns deles colaboravam com jornais locais ou com a educação de jovens
alunos, apresentando o mundo à juvenilidade deste rincão distante, através de
suas aulas. Faziam deste grandioso mister um dos aspectos mais relevantes de
suas vidas; para muitos, a remuneração era o contentamento, o júbilo que
transparecia da motivação daqueles adolescentes face às suas aulas.
Ao longo das décadas, vários desses
homens sábios seguiram suas jornadas em outras paragens; outros, aqui
permaneceram; alguns, partiram para a eternidade. Os que aqui permaneceram
juntaram-se a novos eruditos que chegavam, trazidos pelo contínuo movimento da
vida. Eventualmente encontravam-se para interagir entre si, conversar e debater
sobre temas diversos, trocar impressões e opiniões sobre a leitura de seus
escritos poéticos, filosóficos, históricos, políticos, antropológicos, enfim,
textos pertinentes ao conhecimento, à arte, à cultura.
Os encontros aconteciam em locais
inusitados: nos bancos das praças à sombra de uma árvore, na sala de estar da
casa de alguns deles, na biblioteca da cidade, enfim, aqueles intelectuais eram
movidos pelo sonho de fomentar, junto à população, sobretudo junto aos jovens
escolares, as letras, a literatura, as artes, a cultura, o conhecimento e o
pensamento crítico, visando enriquecer a educação escolar, cujo objetivo por
excelência é o desenvolvimento humano. Destarte, fez-se necessário agir no sentido
de difundir à sociedade rondoniense o tesouro que está no cerne de tudo isto: assim
nasce a Academia de Letras de Rondônia.
A Acler-Academia de Letras de Rondônia
foi criada em 10 de junho de 1986. Seus fundadores integravam a elite
intelectual de Rondônia; eram pessoas originárias de diferentes segmentos da
sociedade rondoniense, reverenciadas pela erudição, pelo saber, pelo (s) talento
(s), por suas valiosas contribuições nas diversas áreas do conhecimento, seja
trazendo à luz, através da pesquisa científica, fatos pertinentes à história de
Rondônia, desde os primórdios; seja enlevando a alma dos leitores através de poemas, crônicas
poéticas, romances e outros gêneros literários; seja ainda revelando aspectos
importantes e curiosidades sobre a natureza de nossa terra, da gente amazônida,
de nosso modo de viver, neste pedaço de Brasil outrora isolado dos grandes centros do país.
Colhemos da historiadora Yêdda Pinheiro
Borzacov, em discurso proferido na comemoração dos 37 anos da Acler: “A
relação dos Acadêmicos presentes à reunião de fundação da Academia, realizada
no auditório da Biblioteca José Pontes Pinto:
Ary Tupinambá Penna Pinheiro, José Valdir Pereira, Amizael Gomes da Silva, Bolívar Marcelino, Edson Jorge Badra, Emanuel Pontes Pinto, Esron Penha de Menezes, Eunice Bueno da Silva e Souza, Gesson Álvares de Magalhães, Hélio Fonseca, Matias Alves Mendes, Paulo Nunes Leal, Abnael Machado de Lima, Raymundo Nonato de Castro e Vitor Hugo.”
Hoje, a
Academia de Letras de Rondônia mantém-se viva, tanto pelos esforços de sua
diretoria, quanto pela emoção que invade nossas almas de escritores no ato da
criação literária, nos desafios impostos pela pesquisa científica, pela audição
emocionante da história oral, pelo grupo
de amigos que ajuda a sustentá-la. Face às adversidades que vem enfrentando
ao longo desses 37 anos de existência, o que nos move, todos os acadêmicos e
amigos da academia, é o respeito pelo passado, pela iniciativa grandiosa de
seus fundadores, pelo amor às letras e pela construção de novos conhecimentos.
A
Academia de Letras de Rondônia, hoje, é presidida pelo poeta-escritor e criador
de forma única de estruturação de um poema, conhecida como Munduri: o
rondoniense Francisco Chagas, o Chico
Chagoso, como se identifica em seus trabalhos literários.
Esperamos
que nossa Acler receba novas gerações de escritores, através de incontáveis
décadas. Que seja eterna. Ad aeternum.
*Sandra Castiel, escritora, professora, membro
efetivo da Academia de Letras de Rondônia, cadeira n.36.
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